Djalma de Melo Carvalho
Membro efetivo da Academia Maceioense de Letras.
Já disse, em minhas crônicas, que Garanhuns é uma cidade encantadora. Frase que não me canso de repetir todas às vezes que retorno a essa hospitaleira cidade pernambucana, sobretudo para rever e abraçar os queridos amigos Emília e Givaldo Calado de Freitas, bem-sucedidos empresários e proprietários do Garanhuns Palace Hotel. De parte desse ilustre casal tenho sido alvo de gentileza e fidalguia, ao lado de Rosineide, minha esposa.
A propósito de Garanhuns, disse, com toda razão, o saudoso poeta Ronildo Maia Leite, com luminosa inspiração: “O céu existe entre Sete Colinas. Garanhuns é de lá.”
Desta feita, porém, dois motivos marcantes fizeram-me – acompanhado de Rosineide e da amiga Terezinha Lages – voltar a visitar a bela “Cidade das Flores”. O primeiro, assistir à solenidade do lançamento do livro Minhas Linhas e Linhas das Redes Sociais (Volume I), de autoria de Givaldo Calado de Freitas, homem público, político, advogado e empresário. O segundo motivo, admirar Garanhuns turística, engalanada e decorada, anunciando “A Magia do Natal”, já em sua V edição, que caminha firmemente para ombrear-se com o sucesso do Festival de Inverno, do Festival Viva Dominguinhos e da Bienal do Livro do Agreste, eventos que, efetivamente, dão suporte à economia e ao progresso da cidade. A par do seu clima serrano, a cidade de comprovada vocação turística atrai gente do mundo inteiro. Com três universidades, fonte de saber, de pesquisa e de extensão, nada mais falta a Garanhuns.
O livro de Givaldo Calado é uma verdadeira ode a Garanhuns, um canto de exaltação à sua cidade, sua grande e eterna paixão.
Envereda o escritor Givaldo Calado pelos iluminados e fascinantes caminhos da crônica, para produzir, com arte, belos textos, senão poéticos, em estilo leve, suave, coloquial, tratando de gente, de coisas e da história de Garanhuns. Eu acrescentaria: tratando de tudo isso “ante o espetáculo da vida”, como bem o disse Afrânio Coutinho, escritor e autor de obras sobre Teoria da Literatura.
A solenidade contou com a presença de inúmeros amigos, convidados, jornalistas, escritores, intelectuais e gente da sociedade local, lotando o salão de convenções do Garanhuns Palace Hotel. Mereceu minha especial atenção, entre os oradores, a apresentação do livro a cargo do escritor Wagner Marques. Orador que se encarregou de dissecar tudo sobre o livro de Givaldo Calado, particularmente sobre a crônica, como gênero ensaístico a partir de Michel Montaigne, pensador francês.
Amante da crônica que sou, costumo lembrar Cavalcante Barros, jornalista, escritor e poeta alagoano, que disse: “O cronista é o historiador do cotidiano.”
E, a propósito de cronista, acrescentou Arnoldo Jambo, jornalista alagoano, no prefácio do livro Andanças pela Crônica, de autoria de Teotônio Brandão Vilela: “O que se requer para um bom cronista será, antes de tudo, o escrever bem e o escrever claro.”
Na verdade, em retalhos escritos, em recortes do tempo, o cronista também é memorialista, apegado a reminiscências, a relembranças. Givaldo é tudo isso ao escrever suas crônicas. Além dos gestos e das palavras de entusiasmo, de claro ufanismo nativo quando trata de Garanhuns, ele também é um apaixonado pela sua cidade, tida como sua terra natal. Em roteiro sentimental, não esqueceu no livro a família, antepassados, professoras, professores, o Colégio Diocesano de sua cidade, o tempo de estudante de Direito no Recife e suas atividades políticas no diretório acadêmico de sua faculdade.
Li o livro de uma sentada, acompanhado de Rosineide, em conversa e comentários entrecortados de deliciosos goles de vinho. Gratos e honrados ficamos, então, com a leitura das crônicas “Garota do Panema” e “Gente Fidalga”, generosas referências do cronista da Terra de Simôa a nós outros, seus dois leitores amigos.
Ressalte-se, no final da leitura do livro, a transcrição do belo poema de Ronildo Maia Leite, intitulado “A Corola do Tempo”, o relógio das flores que é, a meu ver, a bela sala de visita da “Cidade onde o Nordeste garoa”. No poema, o saudoso vate, além da musicalidade dos versos e dos conhecimentos de botânica, procurou ele perfumar sua cidade natal com todos os aromas extraídos das plantas e das flores da exuberante flora brasileira.
Encerrada a solenidade, e após o convite para o coquetel que foi servido logo a seguir, comigo ficaram, afinal, os acordes do Hino de Garanhuns, especialmente os da segunda estrofe do estribilho: “Salve Garanhuns!/ Os jardins, as palmeiras e alguns/ Pedaços do céu... mãos divinas!/ Salve as sete colinas.”
Parabéns, Givaldo. Aguardemos o segundo volume.
Maceió, dezembro de 2018.
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