Antonio Machado
É próprio dos poetas cantarem em suas rimas seus amores e suas dores vividos, outros afirmam que eles são seres especiais dotados de uma alta sensibilidade, que não deviam morrer...
O poeta Olímpio Sales de Barros (1910 – 1974), era olhodaguense e autodidata, tendo tomado parte ativa na luta pela emancipação politica de Olho d’Água das Flores referindo-se sobre a origem de sua cidade o poeta escreveu: “depois de trezentos anos/ que o Brasil foi descoberto,/ Olho d’Água das Flores/ ainda era um deserto,/ só existia um monte/ e perto dele uma fonte/ com umas flores bem perto/ por aqueles remotos tempos/ aqueles campeadores/ que uns chamavam vaqueiros/ outros chamavam pastores/ ali sempre se juntavam/ por isto denominavam, de Olho d’Água das Flores”. Esta estrofe em versos sintetiza laconicamente a epopeia, a saga daqueles que lutaram pela independência de Olho d’Água das Flores contra o poderio politico de Santana do Ipanema, que, acirradamente, lutou para não perder a “galinha dos ovos de ouro” haja vista os impostos cobrados acerbadamente a então vila, tudo carreado para Santana, e nada era feito em prol do bravo povo olhodaguense, que crescia a passos largos em busca de sua estatização econômica como topônimo independente, e que não arrefecia o desejo indômito de sua autonomia política, pasmem, pois, caros leitores, que até os carros de boi possuíam chapas que eram cobrados altos impostos, imposto pelo poderio de Santana.
Diante do impasse Santana lançou um manifesto com cem assinaturas contra a pretensão política do neo-município, mas a luta, porém, continuava... registre-se que, uma cópia desse malgrado manifesto, encontra-se no arquivo deste jornalista.
Em meio a tudo isto, emergiu uma voz potente na Assembleia Legislativa do Estado, do deputado estadual Dr. Adalberom Cavalcante Lins, que atendendo os anseios do povo olhodaguense apresentou um Projeto de Lei, propondo a emancipação política de Olho d’Água das Flores, cujo Projeto encontrou ressonância política naquela casa pelos pares que a compunha. E a Lei 1748, de 02 de dezembro de 1953, sancionada pelo então governador Arnon de Melo criou o município autônomo de Olho d’Água das Flores, tendo sido o cidadão Orlando Augusto Melo, o primeiro prefeito nomeado e o empresário Arnóbio Silva o primeiro prefeito eleito.
E a história foi se fazendo, chegamos aos 02 de dezembro de 2018, 65 anos depois, coube ao prefeito atual, Dr. Carlos André Paes Barreto dos Anjos, já em terceiro mandato montar uma megafesta para comemorar a passagem de tão auspiciosa e magna data, envolvendo esportes, cultura, além de atividades voltadas para sua comunidade que foi prestigiada pelos filhos da terra, não foi sem razão que o saudoso professor Pedro da França Reys arapiraquense de Igreja Nova e autor do hino oficial da cidade, que escreveu magistralmente: “surgiste ó terra/ como por encanto/ num jardim de fada de rosas multicores/ um céu de opala,/ te serviu de manto/ que terra adorada/ Olho d’Água das Flores.” É um município enxuto com seus funcionários recebendo seus proventos dentro do mês trabalhado, de quem tanto o prefeito Nen se orgulha. No meu livro Olho d’Água das Flores e sua história, inédito há dez anos, narro toda esta história bela e valorosa dos olhodaguenses, consta numa de suas páginas este poema que escrevi: “é uma cidade pequena,/ porém é muito bonita,/ tem a Casa da Cultura/ que é o cartão de visita,/ no olhar de sua gente/ tem cor de todas as cores,/ esta cidade bonita/ é Olho d’Água das Flores”.
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