BLANQUITA RUAMOR

Djalma Carvalho

Tinha razão o querido e saudoso professor Mileno Ferreira da Silva, no Ginásio Santana, com seu inglês de pronúncia britânica: “Time Flies” – o tempo voa.
Verdade. O tempo passa muito depressa, voa, que a gente nem sente a rapidez com que ele passa. O que realmente a gente sente é saudade do tempo que passou. Das boas lembranças, das boas recordações, evidentemente.
Vejo, agora, a foto da cantora mexicana Blanquita Ruamor, do acervo de familiares do falecido conterrâneo Ialdo Falcão, publicada no portal Maltanet em 27/01/2013. Dessa foto, com cenário de parte do interior do salão do Tênis Clube Santanense, já se passaram quase 58 anos. No portal, a foto foi rapidamente visualizada por sete internautas, entre os quais um filho da cantora, que disse: “Olá, pessoal, é a Blanquita sim, posso dizer com certeza, pois é minha mãe!”
Levada a Santana do Ipanema por Eraldo Bulhões, a orquestra mexicana Marimba Alma Latina abrilhantou o tradicional baile do clube social da cidade em 26/7/1961, de encerramento da festa da padroeira. Diga-se, de passagem, que se tratava então de baile elegante, com o mundo feminino, rigorosamente, a usar vestidos de acordo com a moda em vigor. O grupo masculino, por sua vez, caprichava no obrigatório uso de paletó e gravata. Reservas de mesas disputadíssimas.
A famosa orquestra, talvez a mais importante que pisou o salão do clube santanense, esteve por essa época em excursão pelo Brasil, apresentando-se em diversas cidades, deixando grata recordação em todas elas. Orquestra cujos músicos trajavam roupa predominantemente branca. A marimba, então novidade na cidade, embora instrumento musical de percussão, em solo tocava melodias do cancioneiro universal, particularmente as caribenhas.
No baile, a cantora Blanquita Ruamor, bonita e tipicamente bem trajada, encantou o público com seu glamour e carinho, eletrizando, claro, a irrequieta rapaziada de minha geração. Enquanto interpretava a consagrada canção La Violetera, da espanhola Sarita Montiel, Blanquita Ruamo distribuía flores e pétalas perfumadas à plateia manifestamente em delírio, com o salão tomado por calorosos aplausos.
Basta dizer que os rapazes que da cantora se aproximavam eram recebidos carinhosamente, prontificando-se ela a conceder autógrafos a todos eles.
Lembro-me que Ialdo Falcão, muito jovem, logo se apaixonou pela cantora, acompanhando-a por algumas cidades alagoanas, por onde se apresentou a orquestra.
Da bela cantora, afinal, ainda guardo como lembrança, embora em amarelecido papel timbrando do Tênis Clube Santanense, seu carinhoso autógrafo de poucas palavras: “Para Djalma, um recuerdo afetuoso de Blanquita Ruamor. 26/7/1961.”
Maceió, maio de 2019.

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