OS MAIS VELHOS

Clerisvaldo B. Chagas

OS MAIS VELHOS
(Clerisvaldo B. Chagas, 26 de abril de 2006).

No último dia 21, chegamos aos 219 anos da morte do Tiradentes. Pela história narrada, lida em nosso tempo de escola, vemos a Inconfidência Mineira de um modo. Quando estudamos paradidáticos, surgem fatos polêmicos. Mas a história sempre foi e continua assim por que ela é vista sobre vários ângulos de quem as escreve. Restam ainda detalhes de pesquisas posteriores que complementam ou polemizam os fatos.
Foi colocada para nós, a imagem de um herói brasileiro mostrado às escolas durante muitos anos. Estranha-me, entretanto, que a representação iconográfica fosse um herói dividido em quatro pedaços, inclusive a cabeça, perna espetada, mais crucifixo e corda. Era aquele quadro horripilante de Pedro Américo de Figueiredo e Melo (1843-1905) em 1893. Todo artista tem o direito de produzir suas criatividades. Acho, porém, que os mandatários não têm razão quando querem nos impingir um herói, muitos menos em condições terrificantes. Os quadros macabros verdadeiros eram apresentados aos Brasil como sinal de castigos para os que ousavam desafiar os de cima. A história está cheia de exemplos de cabeças espetadas em vias públicas. Contudo, as autoridades não deveriam ter mostrado os seus ícones naquela situação pincelada por Pedro Américo. Dizem que a imagem ficara esquecida por quase um século.
Logo depois da coisa acima, a estampa escolhida para representar Joaquim Xavier da Silva, no panteão nacional, foi a de um homem de cabelos longos e barba espichada, produzido por Décio Villares, à semelhança de uma alegoria, com ramos de palmeira, pedaço de cruz e laço datado. Não resta dúvida de que a segunda imagem é bem melhor do que a primeira ─ considerada desrespeitosa. Mesmo assim, por que insistir no aspecto miserável do herói? Finalmente surgiu a imagem do Tiradentes, sem barba, limpo, bem vestido, altivo, parecido com os retratos oficiais de qualquer autoridade. Ah, bom! Agora sim. Os outros castigos após o enforcamento de Xavier pareciam escondidos. Não sei por que alguns livros didáticos ainda insistem em exibir os despojos do homem. Para assustar crianças? Eu mesmo não quero um herói esculhambado daquele.
Penso que o Ministério da Educação e seus departamentos, bem que poderiam pensar nesses tipos de apresentações didáticas que nada trazem de importante. Outros querem afastar o tradicional Joaquim Xavier, por político de partido “A” ou “B”. Basta o Papai Noel que tomou o aniversário do Cristo. Ê mundo cão sem porteiras!... É morrendo e aprendendo como falavam os nossos avós, como diziam OS MAIS VELHOS.

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