CHIMANGOS E JURUJUBAS

Clerisvaldo B. Chagas

CHIMANGOS E JURUJUBAS
(Clerisvaldo B. Chagas, 6 de janeiro de 2011)

Enfrentando os diversos e sérios problemas do seu governo, dom Pedro I não resistiu a tantas pressões e terminou abdicando. Com o afastamento do imperador, logo teve início a briga pelo poder. Podemos, então, sintetizar o cenário da época dividindo os interessados em três grupos distintos: liberais moderados, liberais exaltados e restauradores. Os liberais moderados assumiram o poder, iniciando o período da História governado por regentes. Os moderados representavam os desejos e expectativas da aristocracia rural, primordialmente das províncias do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Pensavam eles em pacificar o país e consolidar a nossa independência. Dos adversários, os liberais moderados receberam o apelido pejorativo de “chimangos” (de ximangos, aves de rapina do extremo sul do Brasil). Nomes importantes compuseram essa ala como Bernardo Pereira Vasconcelos, Evaristo da Veiga e padre Feijó (que depois criou a Guarda Nacional elevando o prestígio dos chamados “coronéis”).
Os liberais exaltados, por sua vez, eram inimigos dos portugueses e defendiam maior liberdade às províncias; portanto amparavam o federalismo. Destacaram-se nessa luta, pessoas como Borges da Fonseca e Cipriano Barata. Queriam, os liberais exaltados a instauração da República brasileira. Também não ficaram isentos de apelidos, pois eram apontados como farroupilhas ou jurujubas.
A terceira corrente era formada por aqueles que desejavam a volta do imperador. Tinham tendências absolutistas e eram ex-aliados de dom Pedro, por isso chamado restauradores, mas vulgarmente conhecidos como “caramurus”. Os “caramurus” foram surpreendidos, porém, com o falecimento do ex-imperador dom Pedro I, em 1834, fenecendo com ele as esperanças desse segmento que logo foi extinto.
Estamos vivendo, nesse início de governo Dilma, um acotovelamento de partidos aliados com a velha prática do “chega pra lá”, em busca de postos importantes no espaço do Executivo. Em relação ao poder de mando, uns querem cargos, outros querem rasteiras no governo e outros ainda, choram adiantados pela volta do imperador, digo, de Luiz Inácio Lula da Silva. Não sabemos se dá para manter as aspirações dos atuais caramurus, por que o próprio ex-presidente já declarou que não quer voltar ao planalto. Bem, você acredita em palavra de político? Ficam os aliados dependendo do tal “freio de arrumação”. Como as coisas estão se organizando após essas primeiras trovoadas, não é possível ainda uma visão minuciosa dos bastidores. Ainda se tateia no escuro. Ninguém perde nada em conter a gula de notícias. Breve o candeeiro será aceso para delinear as sombras caneludas que rodeiam a presidenta. E sob os acordes do Hino Nacional, entre a égide e a hégira, ficaremos rindo e apontando em direção a novos CHIMANGOS E JURUJUBAS.

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