CASA DE ENFORCADO

Clerisvaldo B. Chagas

O mundo em notícia vai-se dividindo entre o Japão e a Líbia. Em relação ao país asiático, a parte atingida pelo tsunami, repetida vezes pela mídia, mostra a paisagem como se fosse de um bombardeio aéreo de muitos dias. Esse cenário de horror não fica restrito, porém, a área em que ocorreu o fato. O Japão, afetado como um todo vai sofrendo as consequências pós-onda gigante. Além do amontoado de entulhos, os corpos encontrados nos mais inusitados lugares, representam uma espécie de sina comparativa às hecatombes da Segunda Grande Guerra. Os sobreviventes contemplam em redor como se tivessem sido jogados de repente no inferno. Como fica o psicológico de uma pessoa que passa por um choque radical dessa natureza? Além do trauma central, vem o frio, a falta d’água, a fome e a incerteza. Para completar o quadro dantesco, surge o escapamento radioativo que ameaça não somente o país, mas a vizinhança do arquipélago japonês. Péssima hora para algumas nações falarem a favor de continuados programas nucleares, como Brasil, por exemplo.

Enquanto isso o povo líbio continua sua luta armada contra um homem que prefere derramar o sangue dos seus irmãos, a deixar o poder. Pelo menos nesse caso da Líbia, o ditador mostra-se pior do que o ex-colega do Egito, também apegado à posição de poderoso. O hábito pode não fazer o monge, mas o indivíduo que dirige um país há trinta anos, acha sim que aquele território lhe pertence. É assim que acontece em menor escala em grande parte dos municípios brasileiros. Mesmo com todas as garantias constitucionais e votado por um período de quatro anos, o reizinho, na sua individualidade, esquece que é apenas o gerente, o empregado do povo, partindo para as estratégias que assegurem a sua permanência no pote de mel. Esses acontecimentos no Japão e no Oriente Médio podem até não ser o início do final dos tempos, mas é o flagrante, o âmago de mudanças históricas que ainda irão se definir. Na Ásia Seca, mesmo que esse novo tsunami das multidões descansem por algum tempo, já foi suficiente para mostrar que essa marcha não retrocederá. Acusamos uma grande lição para os países europeus e os Estados Unidos, que dessa vez aguardam às resoluções da ONU. Ninguém quer se aventurar por conta própria com uma invasão militar em terras líbias. Já? Já aprenderam? Também, depois de Vietnã, Afeganistão e Iraque, só os brocos não aprendem.

Nesse ínterim, o nosso ex-presidente, não tendo muito que fazer, vai circulando pelo Oriente, ganhando seu “cachezinho”, falando para uma plateia saudosista das suas atuações. Prega a democracia numa região repleta de ditadores. E lá no meio daqueles lobos todos, Lula vai magoando a ferida como pode, aplicando arriscadas lições sobre corda em CASA DE ENFORCADO.

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