AS TRAPALHADAS DA ONU
(Clerisvaldo B. Chagas, 19 de abril de 2011).
O mundo sofre modificação profunda, rápida e surpreendente. No caso da ONU – Organização das Nações Unidas, o tema da Líbia cai em uso de chavão brasileiro: “perdida como cego em tiroteio”. A Organização não se entende na missão sobre o território líbio. Primeiro, demorou bastante com a decisão a tomar. Segundo, essa decisão não foi unânime. Terceiro, a ação ofensiva saiu pela metade. Quarto, confiou demais nos Estados Unidos. Quinto, subestimou o homem. O resultado geral tem sido a insuficiência das ações. Enquanto demorava discutindo, a população rebelde ia sendo massacrada. Na vez que o Brasil, China, Rússia, pediam calma, a Organização partia para o ataque. A ofensiva foi apenas parcial dentro de uma estratégia, cuja dose nem dava para curar e nem matar o paciente. Os Estados Unidos, premidos pela crise financeira, cortando gastos, apertados pelas forças políticas e, definitivamente desgastados, entregaram o comando. Acostumada à liderança bélica americana, a Europa da ofensiva a Líbia, parece ter ficado tonta, desaprumando o eixo. Tantos países armados até os dentes desvalorizaram a capacidade e resistência do ditador do deserto.
Enquanto a malfadada operação nada resolve, mais ainda penaliza a população líbia com os contra-ataques do seu guerreiro dirigente. Correm as notícias negativas contra os rebelados. Tropas de Kadhafi matam vinte e cinco em apenas dois dias em Misrata, dizem eles. Os bombardeios do governo conseguiram eliminar mil pessoas e deixar três mil feridos em cerca de sete semanas. Dizem que 80% dos mortos são civis e não poderia ser diferente. Bombas proibidas dos tipos que se fragmentam, estão sendo lançadas pelas tropas de Muammar. Nesse ínterim, o povo da Líbia que pedia ajuda externa, parece decepcionado com tudo por que fica entre o fogo do inimigo e a ineficiência dos socorristas. Só quem está presente na luta feroz do norte africano, sabe o que é ficar encurralado a mercê do adversário vendo tombar centenas de companheiros mais o horror de outras centenas de feridos. Morra quem morrer. Para Kadhafi não há ética, não há civis, não há sangue irmão. Há o poder e o “fora do poder”. Sua cartada é decisiva como um suicida prévio. Se perder, será condenado por um tribunal internacional, cuja sentença já imagina. Se ganhar, terá o prazer de afirmar que derrotou o mundo. Parece, então, conformado como homens-bomba e seus futuros maravilhosos.
O futebol é uma escolinha danada de boa para oferecer lições. O time completo e cheio de estrelas entra em campo para golear o último da competição. Perde-se dentro das quatro linhas, sem força, sem fôlego, sem determinismo. Sai humilhado, muitas vezes, sob estrondosas vaias da torcida. Sei não! Até agora a Organização das Nações Unidas, faz lembrar Didi Mocó, personagem que bem aplaudiria AS TRAPALHADAS DA ONU.
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