Antonio Machado
A natureza em sua sapiência universal, em meio a tantas coisas criadas, quis nos dar a graça, e a beleza da flor. E a rosa? É a mesma flor? Olhando de soslaio, parecem idênticas, porém para os estudiosos que se debruçam sobre o caso, existem divergências. Dizem que toda rosa é uma flor, mas nem toda flor é uma rosa. As rosas são charmosas, belas e ainda possuem a essência do odor e perfume que parece nos levar a uma dimensão etérea, enquanto a flor enfeita, mas não perfuma e nem possui a beleza da rosa, que é meio presunçosa e sempre admirada. As rosas são levadas para enfeitar grandes convenções, nupciais, atos religiosos além de outros eventos de grandes portes a elas também estão destinados aos momentos funéreos tentando minimizar a dor que crucia as pessoas.
O inimitável Humberto de Campos (25-10-1986 05-12-1934) escreveu esta quadra tão bonita quanto bela: “até as flores do campo, também dependem da sorte, assim como enfeitam a vida também enfeitam a morte. ”
Nos momentos tristes as flores se propõem amenizar a crueza da vida, mas não tira a tristeza do ambiente, nem a dor da alma. Cartola escreveu muito bem em Flor e Espinho: “tire seu sorriso da minha estrada, deixe-me passar com minha dor, eu para você já não sou nada, o espinho não maltrata a flor”, a beleza das flores, às vezes, tornam-se nos momentos agudos da vida em encontros loquazes, suavizando a dor que crucia a humanidade nos desvelos da vida.
Quando os jovens decidem se unirem pelos laços indissolúveis do matrimônio, as flores e as rosas se irmanam para alegrarem mais aquele ambiente na união do amor. As flores foram feitas por mãos divinais, onde o cantor Zé Ribeiro magistralmente interpretou na beleza da rosa: “tens a beleza da rosa, da rosa mais formosa...” os poetas têm sido na história os maiores cultuadores das rosas, nos seus belos florilégios poéticos, tem cantado e encantado as mais belas páginas literárias nas grinaldas da poesia, escreveu o poeta sem métrica, Colly Flores: “a poesia não se faz, já nasce feita, mas é preciso alguém para descobri-la”, e esse ser, na maioria das vezes é destituído de cultura, mas possuindo uma inaudível capacidade de fazer poesia que os eruditos não fazem.
Poesia, rosa, flores e poetas, deveriam ser seres imortais, pois quando bem cultivadas parecem se perenizarem no tempo, as flores com a beleza e o perfume que exalam, a poesia com conhecimento que perpassa e alegram o ambiente nas belas cordas da lira.
Se a poesia não está em todo lugar, mas está sempre onde estiver um poeta que ver poesia nas flores. É destarte, se trocar afetos com flores tornado àquele ambiente mais alegre e mais belo, porque elas fazem parte da vida das pessoas, além do néctar que cumulam em suas corolas, propiciando até saúde às pessoas, parecem manjares do céu são, pois, as flores descendentes das pétalas divinais feitas pelos anjos para a beleza da humanidade.
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