Antonio Machado
Na cronologia do tempo e registrado pelos estudiosos da história, as secas periódicas sempre assinalaram a vida das pessoas, e muitas vezes, afugentando-as de seu habitat, provocando muitos transtornos as famílias. Na calenda do tempo vê-se o povo hebreu fugindo de grandes secas, que como fenômeno cíclico, amedronta o povo e vez por outra essas secas periódicas causam o êxodo, em forma de retirantes, em vista do ser humano depender exclusivamente da água para sua sobrevivência, e quando esta lhe falta, o homem “arriba com seus teréns” à procura de água. Na longa história do Nordeste, onde o sertão está hipostaticamente incrustado estas estiagens tem assinalado a vida dessa gente de forma tão aguda quanto forte, tornado-lhe a vida mais amarga. Sem ser expert no assunto, mas como “sertólogo” (o neologismo é do autor), no caso focado, isto é, um estudioso desses fenômenos cíclicos, observa-se que o Nordeste, notadamente no sertão, vive atualmente um caso atípico, em visto de uma seca sem precedente na história da região, que vem se arrastando ao longo de um lustro, isto é, cinco anos de seca, levando o sertanejo, já sem forças físicas e econômicas, para enfrentar tantas desigualdades na natureza, mormente a falta d’água em invernos escassos, seguidamente, registra-se os anos 2012, 2013, 2014,2015 e 2016, todos secos perfazendo cinco anos de uma seca implacável, constituindo-se em um lustro sem invernos constantes, quando se sabe que os bons invernos sertanejos são referencias vivas na vida de sua gente, dada a sua importância, em vista de ser um período onde se planta e retira a safra.
Do cultivo da terra, mesmo numa lavoura de apenas de subsistência, através dos invernos. E o que vem ocorrendo ao longo desses lustros de anos secos, cinco anos seguidos numa seca sequenciada e a isto, os estudos meteorológicos não apontam ou sinalizam uma mudança de clima para a região deixando o nordestino, mormente o sertanejo, mais desconfiado com esse quadro tão nebuloso. O inverno desses anos citados que formam esses lustros citados não foram suficientes para criar uma lavoura de subsistência, pois as chuvas caídas foram insuficientes para amealharem água mesmo nos açudes de pequeno porte, levando a seca, a aboletar-se na casa do sertanejo sem perspectiva para se retirar, provocando mais sacrifício e mais agrura. O governo tenta amenizar a situação com os carros pipas, e ainda vem rasgando a terra adusta e pedregosa dos sertões com o propalado e decantado canal do sertão, que certamente trata-se de uma obra de grande monta e valiosa para a sofrida região sertaneja, porém tudo pode esbarrar na água escassa do Rio São Francisco, como mentor da obra, quando se sabe que o rio está carecendo a passos largos de uma revitalização urgente, caso contrário a situação tende-se agravar muito mais. O sertão está sem perspectiva de chuvas que venha amenizar a situação do sertanejo, mas que ainda confia nas ações do governo que pode reverter o quadro, entretanto se as grandes trovoadas ocorrerem tudo pode mudar e o sertanejo voltará a sorrir como nos tempos áureos.
Comentários