Folclore

Antonio Machado

FOLCLORE
Antonio Machado

A habilidade do homem em criar, fazer, modificar, armazenar, emitir sons variados enfim, uma gama enorme que se aloja em sua cabeça, levam as mãos a executarem as mais variadas tarefas e feitos ao longo de sua existência, haja vista ser, o humano, um grande transformador de seu habitat. E quando teria nascido a cultura na terra? Pode-se afirmar que nasceu com o próprio homem. A cultura pode se desdobrar em erudita e popular. A erudita está centrada nos clássicos, nos intelectuais, nos estudiosos e pesquisadores, formando um bloco relativamente menor, enquanto a cultura popular é exercida e praticada pelo povão, mormente àqueles que detêm a capacidade de serem admirados pelo povo, essa cultura tem um desdobramento grande como o cordel que traz em seu bojo uma enorme gama de ramificação como os poetas da viola, o improviso, a sextilha, o mourão, o decassílabo, os sonetos sem métricas e continua por ai, como item da cultura popular tem o folclore que engloba tudo numa perfeita harmonia, gerando artista e admiradores. O termo folclore foi criado pelo pesquisador americano Willian John Thoms (1.803 – 1.885), no dia 22 de agosto de 1.846, cujo vocábulo, tornou-se universal dada sua abrangência, a fazer no próximo dia 22, 166 anos. Vários foram os escritores e pesquisadores que se debruçaram no passado em cima desse tema tão denso quanto importante, senão vejamos Gustavo Barroso, escreveu substancioso trabalho folclórico, intitulado ao som da viola em 1.921, Amadeu Amaral escreveu tradições populares em 1.948, Artur Ramos, alagoano, escreveu o Folclore negro no Brasil em 1.935, Câmara Cascuda escreveu Literatura oral, em 1.952, Antologia do folclore brasileiro em 1.966, em dois tomos além de muitos outros que deixaram verdadeiras obras sobre esse tema, o dia do folclore que se comemora no dia 22 de agosto como um resgate da nossa cultura popular, tem em cada estado do Brasil suas peculiaridades, muito admirado e aplaudido pelo povo, no Nordeste as festas juninas, as novenas, os leilões, reisados, pastoril, pagode, sentinelas, adivinhações e verdadeira música nordestina que tem seus ícones a partir de Luiz Gonzaga, Clemilda e Jacinto Silva alagoanos, Trio Nordestino, Ary Lobo, Os três do nordeste e tantos outros que enfeitam este rosário com belas páginas musicais que enternecem os corações e o som mavioso de uma sanfona afinada, um pífano, um violão sentimental e um triangulo para ritmar a música. Os municípios estão perdendo as características do folclore com a invasão maldita das bandas de axé, quando as festas juninas, contratam as famigeradas bandas de metal que só fazem zuada, e os artistas, caretas para o povo, tudo isto de graça no meio da rua, e o povão aplaude por falta de opção, isto é deveras lamentável, e enquanto isto, nosso rico folclore sai de cena para dar lugar a essas baboseiras, incluindo na cabeça dos jovens que a música autêntica é esta que está em evidências.
As rádios e as televisões teimam em fazer seus ouvintes a acreditarem que a cultura popular é isto, quando na realidade é bem diferente, nossa cultura é rica e bela, cheia de conteúdo, e possui a história centrada em fatos reais, amores vividos além de uma fantasia com consistência de verdade calcada em valores morais.
Dada a importância do folclore nos dias atuais, ele saiu dos meios populares e se constituiu estudo nas escolas e chegou as cátedras das universidades, formando cadeiras de estudo e formação especial em folclore, formando gerações conscientes dos valores da história como resgate da cultura aliada a cidadania de um povo. Não se pode deixar morrer essas manifestações e folguedos populares de quem tanto o povo aprecia, como manifestações emanadas do meio do próprio povo, que vão surgindo como água de um regato em busca de um rio para o tornar mais caudaloso, assim é a cultura popular que possui sua força no conteúdo de suas manifestações , e que merece todo apoio daqueles que detém o poder, como resgate da história.

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