CENTENÁRIO DE DAVID NASSER

Antonio Machado

David Nasser deixou seu nome escrito na música popular brasileira, hoje MPB, sigla que engloba todos os gêneros musicais até as baboseiras dos “axés”, das famigeradas bandas de forró, que vivem por aí assassinando as verdadeiras músicas. O caso focado aqui é o imortal David Nasser, que nasceu no dia primeiro de janeiro de 1917 há exatamente 100 anos, embora sendo filho de Alexandre e Zakia Nasser, de descendência libanesa, David nasceu em Jaú, estado de São Paulo, porém sempre perambulou com seus pais pelo Brasil afora, fixando-se no Rio de Janeiro, estudou o primário e segundo graus e posteriormente cursou o Instituto Superior de Preparatórios, sempre demonstrando acendrada vocação para a música, constituindo-se um dos melhores letristas do passado, a prova está nas 300 letras que escreveu, a maioria de grande sucesso até hoje, gravado por artistas de renome que se imortalizaram e imortalizou seu compositor, letrista de primeira qualidade, David Nasser possuía um tino jornalístico excepcional, tendo escrito inúmeras reportagens que provocaram impactos na sociedade de seu tempo. Em 1943, entrou para a revista O Cruzeiro onde permaneceu até 1974, nesses 31 anos escrevendo nessa revista de renome nacional, David Nasser conquistou o Brasil com suas excelentes reportagens semanais além de belas crônicas inspiradas no cotidiano, tiradas da inteligência prodigiosa, pois nascera para brilhar na comunicação.
Se a natureza não lhe fora pródiga, tirando-lhe determinadas mobilidades nas mãos, deixando-o escrever habilmente com apenas dois dedos, e andar com certo desequilíbrio, que foram sequelas de uma meningite da infância, porém fora-lhe prodigiosa, dando-lhe uma inteligência admirável, homem talhado para as letras, tendo escritos belas páginas literárias que o imortalizou. Platão (348 a.C.- 428) escreveu: “a música enriquece a alma, lhe dá graça e ilumina”. Esse grande brasileiro trouxe em seu cerne o dom da poesia, constituindo-se com sua verve poética um dos melhores letristas do Brasil, porque não decorou passos, aprendeu a caminhar, como sentenciou Flaus Vianna basta que se vejam algumas de suas composições magistrais que até hoje são cantadas como: Nega do cabelo duro, Pensando em ti, Esmagando rosas, Normalista, Carlos Gardel, Hoje quem paga sou eu, Fim de ano, Silencio de um cantor, e tantas outras que se eternizaram no tempo.
Na redação de jornais David Nasser foi contemporâneo de grandes expoentes do jornalismo da época como Carlos Eiras, Vitor Nunes Leal, Peregrino Junior, o político e combativo jornalista Dr. Arnon de Melo, criador do complexo Gazeta de Alagoas, e tantos outros que enalteceram o país com seus escritos maviosos. O ano de 2017 está assinalando o centenário do nascimento desse eminente homem das músicas, carecendo contudo que homenagens sejam feitas, que outros escrevam sobre sua preciosa existência, a um artista que trabalhou tanto que não teve tempo sequer de casar, o nome de David Nasser está inserido na música do Brasil sendo esta sua família.

Comentários