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Literatura

Por João Neto Félix Mendes - www.apensocomgrifo.com

Amanheci determinado a cumprir minha promessa de fazer a travessia há muito pensada de escalar o morro do Gonçalinho, não pelo caminho tradicional, mas desbravando, fazendo escolhas a tempo e caminhando. Subida íngreme de quinhentos metros mais ou menos, com lajedos no trajeto, mandacarus, angicos e ipês. Resolvi encarar o desafio sozinho, mochila nas costas e pé na estrada.

O primeiro desafio era atravessar o rio Ipanema de águas ausentes, recolhidas nos veios encantados, sonhando no berço de pedras, seixos e leito de areias transitórias. Lembranças que passam dentro da mente veloz, clareando a lição de que sem esforço da busca não há a alegria do encontro.

Seguindo o itinerário intuitivo, identificando pistas passo a passo e pouco a pouco. Entre derrapadas e escorregões, deparei-me com um umbuzeiro carregado de frutos de vez. Contudo, quem colhe fora do tempo, não sabe o que o tempo dá. Ali mesmo fiz uma pausa benfazeja a sombra da árvore sagrada dos sertões. O cheiro do mato e dos umbus eram um deslumbramento aos sentidos. A vontade de ficar, mas era hora de prosseguir. Esse aperreio interior entre encontros e despedidas era o meu desassossego naquele instante de descuido.

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