os fins do século passado, enfrentava a vila de Santana do Ipanema uma das mais sérias crises econômicas. A seca de 1877 dizimara todo o sertão nordestino. Durante ela, havia o sertanejo comido até lagartixa assada. E, depois dela, a vida continuava difícil para todo mundo: para uns, porque nada tinham, para outros, porque o pouco que tinham era ameaçado de nova seca ou de roubo dos que nada possuíam. Já existiam mesmo sinais de uma investida faminta - começavam a surgir furtos de bodes aqui e acolá, intensificando-se, dia a dia, o desaparecimento de caprinos.
Laurentino era um negro pobre, casado e cheio de filhos. Sua casa era um rancho de palha de ouricuri, na margem direita do Ipanema, próximo à olaria que mais tijolos e telhas tem fabricado para os santanenses. Sem achar em que trabalhar, sem um tostão para alimentar a família, era intolerável ao negro ficar dentro de casa até ver a mulher e os filhos baquearem de fome. E Laurentino subia os morros, ia para o Goiabeira ou para o Gonçalinho, misturando-se aí com facheiros, mandacarus, espinheiros ou alastrados e galgando lajedos aonde somente bode poderia chegar.
Como em todas as vilas brasileiras, um pequeno grupo dirigente dos destinos de Santana fazia cumprir as leis que lhe convinham e ditava as que faltassem por complemento dos seus interesses. Desse grupo participava - e com algum destaque um Sr. Antonio Sabugo que, além do mais, era o Comissário de Polícia da vila.
Desfrutando uma situação econômica ainda respeitável, tinha o grupo dirigente de proteger-se de todos os possíveis contratempos. Surgiram os roubos de bode. Era o primeiro sinal de ameaça. E logo ficou decidida a caça ao ladrão ou ladrões.
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LiteraturaPor João Neto Félix Mendes - www.apensocomgrifo.com.br 31/07/2023 - 18h 56min José Ronaldo
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