Blogs: Professor e poeta Onildo Nepomuceno

Literatura

Por João Neto Félix Mendes - www.apensocomgrifo.com

Centro comercial de Santana do Ipanema, década de 1940

"Conheci Onildo Nepomuceno em Santana do Ipanema quando era eu ainda quase um adolescente e ele um moço de tradicional família da cidade, no final da década de 1940, descreveu o escritor Amaro Guedes(1925-). Estatura acima de mediana, magrelo, desfigurado e, acima de tudo, desordenado, mas de uma inteligência fértil e possuidor de cultura admirável. Levava vida irregular, pois se entregara ao vício da embriaguez logo que terminara o ginásio. Vivia numa boemia desregrada, sem método, transformando assim a sua existência numa nau sem leme em dia tempestuoso.

O seu "modus vivendi" se assemelhava ao dos parnasianos que brilharam no fim do século passado e princípio deste: Bilac, Emílio de Menezes, Paula Nery, Pardal Mallet, o nosso Guimarães Passos e outros. A literatura era o húmus que alimentava o seu espírito. Não largava um pacote de revistas e jornais que trazia, quase que permanentemente, debaixo do braço. Mesmo nos momentos de pouca lucidez, dado o seu estado etílico, o cérebro não lhe ficava estéril.

Cronista primoroso escrevia com sublimidade, clareza, os vocábulos fáceis, acessível a qualquer nível intelectual. A sua meca era o bar do Siloé, local onde nos reuníamos para bebericar, ouvir música e jogar sinuca. Cito os mais assíduos: Jaime Costa, Adejasme, José Constantino, Jonas Pacífico, João Clímaco, Ávio Damasceno Mesquita e o bonachão Chico Mendes. Proseávamos demais e o Júlio Pé-Cortado, gerente, nos servia amavelmente.

O Onildo sempre estava à nossa mesa, "alto" como de costume, mas lúcido, cheio de verve, espirituoso, com o talento que Deus lhe deu, declamando os versos que imortalizaram Francisco Otaviano: "Quem passou pela vida em branca nuvem/ E em plácido repouso adormeceu/ Quem não sentiu o frio da desgraça/ Quem passou pela vida e não sofreu Foi espectro de homem, não foi homem/ Só passou pela vida, não viveu".

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