Conta-se num epigrama antigo e sem data, talvez para não ficar velho, que Jesus se encontrou certa vez com satanás, e num bate-papo amistoso, Jesus perguntou ao demônio: aonde ele ia tão apressado, enquanto o Senhor mostrava-se calmo, sereno e até exalava um perfume de santidade, ao que o demônio respondeu: “Senhor, com toda essa calma vossa, acompanhado de sua fragrância divina que evola de seu corpo santo, até me dá vontade de voltar aos átrios celestes, caso “Vocência” me perdoasse, pois, Senhor, com perdão da má palavra, têm enfrentado coisas da peste para resolver lá no inferno, sobretudo, quando um político velho perde a eleição e morre, e São Pedro já sabendo que ele não presta, empurra logo para o inferno, e lá o condenado chega rancoroso, dando ordens, falando de seus eleitores que não os conheço, olha Senhor, ando muito encabulado; e Jesus com a paciência divina disse, capeta, a arte e o poder de perdoar é tão fino e dificílimo, que o escritor Humberto de Campos, homem de grande talento literário, escreveu numa de suas obras que eu tenho em minha estante, e satanás retrucou: dize-me bem, meu Senhor, eu também possuo uma bela coleção que comprei num sebo em Maceió no paredão da Assembleia Legislativa, quando procurava os livros antigos da Bruxa Erva e de São Cipriano, capa de aço, porém não os encontrei, ai comprei a obra de Humberto de Campos, tenho tirado grandes proveitos, diz o escritor que a arte de julgar é tão difícil e delicada, que Deus só o faz depois que a pessoa morre para não receber injunções de ninguém... É verdade, replicou Jesus.
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Colunistas: Diálogo Inusitado - por Antonio Machado
CulturaPor redação com Antonio Machado 04/07/2018 - 14h 05min Arquivo Maltanet
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