Na noite desta terça-feira (17/12), aconteceu um encontro para tratar do tema ?História e Cultura Afro-Brasileira?. O evento (extensão do Projeto \"Olhares de Clio\" promovido pelo curso de História/UFAL/Campus Sertão) ocorreu nas dependências da Escola Estadual Profa. Laura Maria Chagas de Assis e contou com a participação maciça dos estudantes do horário noturno, professores e coordenação pedagógica.
Os palestrantes da noite foram os professores Joceneide Cunha (UNEB) e Gustavo Gomes (UFAL).
A professora Joceneide iniciou sua fala sobre a Luta do Movimento Negro ao longo dos anos no Brasil e salientou que ainda hoje é preciso lutar por uma ?2ª liberdade?. Falou do embranquecimento da cultura brasileira como um todo. Segunda a professora, modificações na legislação permitiram que os negros fossem aceitos nas escolas, mas é preciso repensar a forma como essa inclusão ocorreu e acontece até hoje. Apresentou vários personagens do Movimento Negro desde a década de 1930, quando o Movimento teve um período de grande efervescência, como o alagoano Artur Ramos, até personagens mais recentes como Abdias Nascimento e a atriz Ruth de Souza. Citou a frase de Sílvio Romero (séc IXX), também utilizada por Abdias Nascimento, em meados do século XX, para lembrar que pouco havia mudado na realidade dos negros no Brasil:
?Nós temos a África em nossas cozinhas, América em nossas selvas, e Europa em nossas salas de visitas?.
A professora falou ainda das grandes conquistas com a Constituinte de 1987, que reconheceu o racismo como crime e defendeu o ganho de título das terras às comunidades quilombolas. Lembrou da importância das políticas públicas iniciadas no Governo do presidente Lula, como as cotas para acesso às Universidades.
O professor Gustavo trouxe uma reflexão sobre os ?desafios e possibilidades na formação e prática docente? e as relações de poder que existem na sociedade atual, que muitas vezes ocorre de forma velada, assim como o preconceito racial, religioso e social.
Refletiu sobre as formas como a cultura afro-brasileira e indígena tem sido apresentadas nas escolas e a limitação de possibilidades que os negros enfrentam dia-a-dia por conta da cor da pele, como se o intelecto e a cognição estivessem a ela associados.
Lembrou dos diversos esteótipos que o fenótipo negro são associados como: sujo, feio, burro, etc.
Sugeriu vários materiais de trabalho para os professores utilizarem nas aulas sobre o tema, como: músicas, filmes, teatro e HQ?s de super-heróis negros. Apresentou letras e música de afoxés pernambucanos e terminou com a poesia abaixo, de Solano Trindade.
MULEQUE
Muleque, Muleque
quem te deu este beiço
assim tão grandão?
Teus cabelos
de pimenta do reino
Teu nariz
essa coisa achatada?
Muleque, muleque
quem te fez assim?
Eu penso muleque
que foi o amor...
Parceria entre UFAL/Campus Sertão, 6ª CRE e SWA Instituto rende mais um evento educativo
Educaçãopor Andréa Cristhina Brandão Teixeira 18/12/2013 - 23h 30min José Malta Neto
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