Por: Suzy Maurício
Fonte: Gazetaweb
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O namoro de ontem
Da Idade média até aqui, o processo do namoro, seu objetivo e formas, envoluíram antropológica e socialmente. Os estágios eram: flerte, namoro, noivado e o casamento.
Inclui-se nos dias atuais o ?rolo?, quando a pessoa fica mais vezes com outra. Há, sobretudo, um desejo que não mudou: a busca por alguém que nos faça bem, que amemos e sejamos amados.
Namoro de hoje
A nova geração- a digital ? não está preocupada na construção de laços e vínculos afetivos reais, são solitários em meio a 1 milhão de gente, distribuídos entre MSN, FACEBOOK, TWITTER e etc. O computador e sites de relacionamento vieram a substituir a intervenção familiar no sentido de escolher um par para o filho(a), sobrinho(a), neto(a), etc. E também corrobora para o aumento da distância do OUTRO, nos mantendo afastados da intimidade e da doação que o contato físico propicia.
Fazem parte desta geração os que tem, 20, 30, 40,50? O namoro sofre uma nova roupagem. Antes havia uma ritualização, a moça era pedida em namoro, estes se encontravam em festas, em casa, passeavam de mãos dadas no parque, etc, e o namoro compunha o projeto de noivar, casar , ter filhos. Hoje, as pessoas estão buscando ?ficar?, ter um ?rolo?, e casamento não necessariamente é o objetivo final.
O ?ficar? é vazio e sem sentido, embora seja um dos caminhos(para alguns) que levam ao namoro de hoje. Entretanto, as pessoas são diferentes, a maioria quer beijo na boca, andar abraçadinho e dizer este é meu par. Por medo de envolvimento e entrega, alguns que já passaram dos 30, assumem a busca por rolos rápidos, será modismo ou medo de amar, medo do contato mais profundo?
?Nenhum homem é uma ilha?
Necessitamos do calor do outro, do beijo do outro, da reciprocidade de desejo e de um tempo de entrega. Talvez precisemos de um ?Quer namorar comigo??, indicativo de que queremos estar com a outra pessoa o tempo suficiente para que possa florescer um sentimento, uma intimidade, uma construção relacional e um aprendizado das próprias emoções e sentimentos. Namorar não implica estágio anterior ao casamento, supõe que queremos viver algo especial com este outro. Temos necessidade de estabelecer qual o vínculo possuímos com tal e tal pessoa.
Atualmente há uma banalização do privado, o orkut é uma dessas ferramentas. Pessoas em suas clausuras e em suas intensas insatisfações de desejos, constroem vínculos virtuais com outros, mostram sua casa, sua intimidade, seus corpos, sua solidão, ao passo que buscam suprir este imenso vazio de que padece a sociedade atual de vículos afetivos frágeis.
O vazio não é suprido em rede!
As pessoas não mais se encontram nas ruas, nas praças, apenas teclam e teclam e teclam. Em 140 caracteres dão seu grito indireto de ?oi, quero que você me veja, eu estou aqui?. Para alguns namorar é ?retrô?, o ?lance? é ficar. E assim, constroem suas próprias celas e se negam ao contato íntimo e com o outro num aprendizado contínuo de respeito, fidelidade, doação e companheirismo.
Nós pais e mães, temos a responsabilidade de orientar esta nova geração. É preciso limite, muitos nãos e um cerceamento preciso na liberdade excessiva.Lembrar de que devemos respeitar o outro, pais, professores, amigos, namorados. Que devemos construir relações para aprender a amar e apreender quem somos, o que queremos, buscamos, também nós.
Numa relação não só ?o encontro é de dois?, o aprendizado também.
O importante não é ter 300 no msn, 1000 no orkut, 500 seguidores no twitter, é ter um grupo de amigos reais e apenas uma pessoal especial para abraçar, beijar, amar, e estar sensualmente. Não devemos banalizar os romances. Estar com alguém é algo mágico e único, compreende olhar, escolha, contato, entrega e realização.
Casar é um passo muito além disso, depende de uma série de outras construções e tempo, é uma decisão séria, muito séria. Ter filho é a maior das resoluções. Mesmo àqueles que já namoraram, noivaram, casaram, tiveram filhos, se divorciaram?querem namorar de novo, casar talvez não, vai depender. A vida é cheia de infinitas possibilidades. Mas o melhor namoro é mesmo o de andar de mãos dadas, esperar a ligação(hoje o torpedo), ansiar por uma carta(hoje um email), por ouvir este outro (hoje no voipe) ,por passear pela cidade, conversar horas, ter pontos incomuns, atividades que se entrelacem e que estabeleçam contato físico?o melhor é querer muito além do corpo, um complemento.
O namoro de que precisamos
Desejamos ouvir do outro que ele nos quer em sua vida, de forma estabelecida: é namoro, enrolação, vaidade? É preciso saber do vínculo que estamos experienciando. É preciso sim estabelecer um contrato de convivência, o tipo de relação que vivem, de que maneira irão se ver (alguns dos namorados vivem em cidades distantes), conversar sobre o que lhes incomodam em relação à futuras atitudes de um ou de outro, suas expectativas e medos. Disto vai depender a saúde da relação.
É na palavra que se dá o primeiro encontro, o beijo é a primeira vez que se entra numa pessoa, o namoro é a oportunidade de descobrir se há uma possibilidade de amar e ser amado. Definir um tipo de relação não é cercear a liberdade do outro é pontuar que um DOIS existe ali, o depois é o depois, decidirão juntos.
*Editado por www.suzymauricio.com em 02/02/2010
?Amor é fogo que arde sem se ver?É querer estar preso por vontade? (Camões)
O namoro de ontem, hoje, e o do que precisamos
Opinião04/06/2011 - 14h 00min Maltanet

casal do Sertão de Santana do Ipanema-AL (Cheops e Mariana...)
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