CASARÃO

Crônicas

Por Clerisvaldo B. Chagas

CASARÃO DO PADRE BULHÕES: ÚLTIMOS ESTERTORES. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

O casarão histórico do padre mais famoso que já apareceu por essas bandas, fora Francisco Correia – um dos fundadores da cidade e milagreiro – era muito interessante, peculiar e a nem um outro casarão da cidade se assemelhava. Fora construído no alto da ravina que forma a foz do riacho Camoxinga, Não temos nenhuma informação oral ou escrita de quem o construiu. Teria sido o próprio padre Bulhões, quando chegara da sua terra Entre Montes ou teria sido comprado no início? Ninguém sabe informar. O que sabemos é que, margeando o riacho no alto da ravina, havia e ainda há uma mureta muito bem-feita de proteção contra o fenômeno das terras caídas e das próprias enchentes violentas do citado riacho. Vale salientar que as terras do desaguadouro, são finas e fácil desagregação.

Nos últimos anos como casarão quase ocioso, funcionava apenas um compartimento, logo vizinho à rua, onde funcionava uma Marcenaria, com certeza, cedida ou alugada por seus herdeiros ao conhecido Negão, mano de outro personagem tão conhecido em Santana: José dos Santos, dono do Restaurante Xokant’s. Na certa, Negão recebeu ordens de despejo e o que vimos, após, foi o casarão sendo demolido aos poucos como se fosse para aumentar a dor do povo santanense. E de fato, o casarão histórico, desapareceu, sumiu, se encantou. No seu lugar ficou apenas um enorme vazio como um espaço escrito de caderno apagado por feroz borracha de duas cores. Nem era mais atração um buraco de onde fora arrancada botija, nem um frondoso pé de tamarinas e nem mesmo as muretas que permaneceram intactas.

Daí em diante, o amplo terreno foi mercado de artesanato, estacionamento, parada de circos e outras coisas mais. O único registro que se conhece, é o livro 230, Iconográfico aos 230 Anos de Santana do Ipanema. Não surgiu uma única pessoa que viveu no casarão ou com ele conviveu que quisesse escrever algumas linhas sobre o saudoso Cônego Bulhões. Da mesma maneira aconteceu com a vida da repartição DNER – Departamento Nacional de Estradas e Rodagens – que morreu melancolicamente, tendo sua belíssima história em Santana do Ipanema e regiões sertanejas, apenas virado uma página em branco, amarelada ou invisível às novas gerações.

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