A LANTERNA DE DIOGENES

Crônicas

Por Alberto Rostand Lanverly Presidente da Academia Alagoana de Letras

Recentemente estive em Campina Grande e ao visitar um dos bares mais movimentados da cidade, deparei-me com escrito em uma de suas paredes que fez-me moer a imaginação: “não alimente todos os cães que você vê sofrendo, pois eles só precisam de forças para lhe morder”.

Recordo, mesmo flutuando na energia do pensamento, em nenhum instante foquei caninos, mas sim animais racionais, pois em minha concepção, tais dizeres externavam poderosa metáfora sobre como excelentes intenções nem sempre geram bons resultados, vez que em determinadas ocasiões, ajudar indiscriminadamente torna-se capaz de atrair consequências negativas as mais variadas.

Em meu pensar, “cão sofrendo” representaria pessoas que parecem necessitar de apoio, mas que, uma vez fortalecidas, voltam-se contra seus beneméritos.

Oferecer intimidade além do limite adequado possibilita gerar consequências profundas e muitas vezes negativas, pois uma relação, seja emocional ou pessoal, é expressão de confiança e vulnerabilidade, e quando compartilhada de maneira desmedida ou sem o devido cuidado, enseja criar desarmonia nos relacionamentos, e na percepção de si mesmo.

Nem todos os que parecem precisar de auxílio o fazem de maneira genuína, sendo a oferta constante de ajuda, possivelmente entendida como fraqueza ou oportunidade de exploração.

A caridade cega, sem limites ou critérios, pode fazer com que indivíduos mal-intencionados tirem proveito, revertendo o ato altruísta em armadilha para quem ofereceu o apoio

A arte de viver em um mundo onde a sinceridade se busca com a famosa lanterna do filosofo grego Diógenes, que em plena luz do dia, milênios atras, procurava, na ensolarada Atenas, por alguém honesto em meio à sociedade, simboliza a dificuldade de encontrar verdade e transparência em um mundo repleto de hipocrisias e máscaras sociais.

Relembrando a frase lida, entendo que a mesma sugere a importância de sermos seletivos e cautelosos, na escolha de quem se ajuda, pois nem todos retribuem da mesma forma.

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