Com vivas ao dia 4 de novembro de Maria do Socorro Farias Ricardo

Crônicas

Por M. Ricardo-Almeida

Hoje, palavras reúnem-se, solenemente, e prestigiam artistas santanenses. Feliz é a cidade que preserva a biografia dos artistas, que prestigia a sua história. Artistas promotores do município; eles cantam ao mundo o lugar. Há 81 anos, nesse dia 4 de novembro de 1940, nasce Maria do Socorro Farias Ricardo. Na literatura, Maria do Socorro oferece à sua cidade Santana do Ipanema a epígrafe Terra de Escritores; enaltecendo o seu lugar de origem e os seus talentos. No canto de seus versos:

Hoje eu tive um sonho, Santana,
Artista santanense tem nas palavras
O que o sapateiro tem com o trabalho
O que o músico tem com os sons
O que a doceira tem com o que acha
Vi a feira e vi o mercado e vi o povo
Nas mãos quais louças de barro
Sonhei com a sua arquitetura nova
Hoje eu tive um sonho, Santana,
Como há muito eu não sonhava
As ruas moldavam-se em suas mãos.

Anoitece outro ano na velocidade do tempo, enquanto o tempo renasce em outro tempo. Uma época de serras e ladeiras.

Coberto o tempo de pedras brancas que reluzem em Santana do Ipanema, no sertão de Alagoas. As horas são de sol; o semiárido que se amplia de prédios; as palavras ampliam-se em livros santanenses, em salas de aula. Santana do Ipanema: Terra de Escritores.

Os sonhos dos artistas extravasam o sistema solar, e alcançam outras novas galáxias. Nunca esqueci a minha infância, escreve Maria do Socorro em seus dois livros de estreia.

Vou voltar a reler minhas lembranças. Buscar no fim do mundo os meus sonhos, todos os meus segundos; e nunca mais perdê-los. Sonhos, como se sabe, criam asas que voam e voam... Maria do Socorro diz em livros.

As asas dos sonhos são silentes quão silentes são os dias hoje e ontem e agora o sol acalma o reclamar das pedras e o sussurrar na vegetação sob a nova trovoada. Em ruas correm crianças; corre criança e revela o que dizem os olhos dos insetos com o brilho característico, “como se anunciasse novo jaguadarte que logo se desprendesse das páginas verdes doutro livro” noutro livro da escritora.

Os sinos numa tentativa em se comunicarem quão os pássaros. Há passos nas escadas de madeira que esmagam o silêncio. São diferentes e múltiplas as igrejas em minha Santana, e tantas capelas. Desde o princípio, sinos falam coisas quais vogais e consoantes alfabetizando e letrando crianças; os escritores, os poetas ouvem e sabem por que os sinos cantam.

Esse frenesi que corre no canto dos seresteiros da minha cidade é idêntico. O enredo que se expressa por palavras; não há nenhuma crônica que possa descrevê-la, Santana, por palavras; e apenas em gestos se admira o firmamento preso aos olhos da minha cidade.
Ontem anoiteceu em salas de aula, lugares sagrados da aprendizagem. E luz de estrelas ainda não alcançara o interior do conhecimento profundo que vive escondido dentro de agulhas entre folhas das árvores.

Reunimo-nos hoje, com vivas, para prestigiarmos os artistas em Santana.

Comentários