Preste atenção meus senhores
A história que vou contar
É a história de um rio
Na luta e no desafio
Pra seu destino chegar
Seu nome é Rio Ipanema
Desde os tempos de criança
A todos trouxe esperança
Pro indígena que veste pena
Água pra matar a nossa sede
O pescador com a rede
E o poeta fazer poema
Pra o lavrador alegria
A ‘trouxa” de roupa Maria!
Quando desce uma cheia
O povo todo rodeia
Parece uma romaria
O pescador vai pescar
Um Poço parece a feira
Ele nasce em Pesqueira
Na Serra do Ororubá
Vai varando os sertões
Por trás da serra se some
Cacimba, vaso e grotões
Onde passa deixa um nome
Onde tem uma cacimba
Mata sede e mata a fome
Ipanema intermitente
Cheio ou seco ano a ano
Na seca deixa a secura
Na cheia traz a fartura
Mas é sempre soberano
Ele tem sua própria mata
A ciliar fauna e flora
Se uma gripe lhe pegar
Pegue a vereda vá embora
É só um mato catar
Depois de fazer um chá
Vai ficar bonzinho na hora
O sapo, a jia, o cará
Pitomba, umbu, sapoti
Na lóca vai encontrar
A cobra e a juriti
O caramujo, o mangangá
O vôo do bem-ti-vi
O bote do carcará
O beijo do colibri
Cachorrinho dágua imbuá
Chupa-pedra e birigui
Na beira do rio deitar
Na esteira de Pi-piri
Como o jereré vou pra lá
A vara a isca e o anzol
Com uma corda e o puçá
Ligeiro que só socó
Uma corda de caruá
Na tarde do arrebol
O rio passa em tanto lugar
Aqui passa na carreira
Atravessa meu sertão
Entra pelas Alagoas
Acha essa terra tão boa
Que não quer sair mais não
Passa em Poço e em Santana
Batalha terra bacana
Se alegra o seu coração
E segue no seu dilema
Seu caminho a navegar
E alegre vai desaguar
Lá na Barra do Ipanema!
Esta poesia foi feita com incentivo da saudosa professora Silvânia 04/12/03
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