DONA ARISTHEA – SEU ÚLTIMO SORRISO

Crônicas

Remi Bastos

Era uma vez um simples jardineiro que vivia do cultivo de suas rosas. Em seu jardim cultivava várias espécies de rosas, cada uma mais exuberante que a outra. Mas entre as maravilhas das rosáceas que granjeava, apenas uma lhe tocava o coração pela doçura de sua fragrância, a simplicidade de suas pétalas e o carinho de seus espinhos. A esta rosa pôs o nome de Sorriso.
Todas as manhãs, quando o sol lançava seus raios sobre a Fazenda Laje Grande, o lendário jardineiro visitava suas roseiras, dedicando mais tempo de sua atenção à rosa Sorriso. Os pássaros saudavam a natureza com seus cantos matinais, enquanto os colibris cortejavam as roseiras numa acrobacia perfeita.
Tudo existia na mais pura harmonia e o jovem jardineiro no seu trabalho solícito procurava, em seus momentos de paz, extrair a fragrância daquela flor tão bela a razão de sua felicidade. Preocupado com o que poderia acontecer à sua rosa Sorriso, e com medo de perdê-la, decidiu pluralizar a sua espécie nascendo, do carinho entre ambos, lindos brotos que mais tarde se transformariam em doze rebentos, cada um trazendo na sua exterioridade os sinais do sorriso.
Com o passar dos anos o jardineiro já não suportava a pressão do tempo. Os dias se tornaram mais longos e as noites sem o brilho da lua. Ao lado de sua rosa Sorriso fechou os olhos e adormeceu num sono profundo, regando com lágrimas o jardim que tanto amou. Anos depois, ainda sentindo a falta da companhia e dos cuidados de seu jardineiro, a flor Sorriso não mais desabrochou e, num simples suspiro, exalou seu último perfume. Deu seu último sorriso e voou para o infinito, como um pássaro de plumagem branca, ao encontro perenal do seu amado jardineiro.

Aracaju, 11.10.2011

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