Era uma vez um simples jardineiro que vivia do cultivo de suas rosas. Em seu jardim cultivava várias espécies de rosas, cada uma mais exuberante que a outra. Mas entre as maravilhas das rosáceas que granjeava, apenas uma lhe tocava o coração pela doçura de sua fragrância, a simplicidade de suas pétalas e o carinho de seus espinhos. A esta rosa pôs o nome de Sorriso.
Todas as manhãs, quando o sol lançava seus raios sobre a Fazenda Laje Grande, o lendário jardineiro visitava suas roseiras, dedicando mais tempo de sua atenção à rosa Sorriso. Os pássaros saudavam a natureza com seus cantos matinais, enquanto os colibris cortejavam as roseiras numa acrobacia perfeita.
Tudo existia na mais pura harmonia e o jovem jardineiro no seu trabalho solícito procurava, em seus momentos de paz, extrair a fragrância daquela flor tão bela a razão de sua felicidade. Preocupado com o que poderia acontecer à sua rosa Sorriso, e com medo de perdê-la, decidiu pluralizar a sua espécie nascendo, do carinho entre ambos, lindos brotos que mais tarde se transformariam em doze rebentos, cada um trazendo na sua exterioridade os sinais do sorriso.
Com o passar dos anos o jardineiro já não suportava a pressão do tempo. Os dias se tornaram mais longos e as noites sem o brilho da lua. Ao lado de sua rosa Sorriso fechou os olhos e adormeceu num sono profundo, regando com lágrimas o jardim que tanto amou. Anos depois, ainda sentindo a falta da companhia e dos cuidados de seu jardineiro, a flor Sorriso não mais desabrochou e, num simples suspiro, exalou seu último perfume. Deu seu último sorriso e voou para o infinito, como um pássaro de plumagem branca, ao encontro perenal do seu amado jardineiro.
Aracaju, 11.10.2011
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