XEQUE-MATE

Poesias

Lúcia Azevedo

Tento chegar, quase acordo
Falta a parte que insiste em não se mover.
Tenho que voltar,
Ela vem sempre me lembrar.
Pela noite vem me visitar.
Às vezes durante o dia.
Ela gosta de jogar
Pedi um tempo para me olhar.
Tentar me reconhecer
Quero me ver.
Mas só vejo vazio no espelho.
Sinto delírio e horror.
Mostra-me um pouco, mas ela brinca de esconde-esconde
Enquanto isso vou vivendo no mundo fantasma
Prisioneira na neblina de promessas e milagres invisíveis..
Quero conhecer, sem crenças, teorias ou suposições.
Clamo para o Tudo, mas ninguém responde.
Às vezes só terror sem sentido
Tentação, pois te conheço.
É hábil, sabe onde combater
Vem sempre debochar, que nada existe lá.
Que se deve abster-se, render-se
E assim vai esquivando-se, ganahando tempo,
E esse adiamento permite-me um desencargo
Assisto outro amanhecer, olho minhas mãos
E vejo veias a pulsar.
Ainda resta meu invisível para mim.
Mas me recolherei e lá distinguirei claramente
E a ti, entregarei o que te pertence quando
Nesta hora eu adentrar.
Enquanto isso te vou enganando com minha torre e cavalo.
Mas quando a inevitável jogada de ataque ao rei ela arremeter
Estarei pronta. Mas esse xeque-mate só se dará
Quando eu, aqui, tudo completar.

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