FRÁGIL AMOR

Crônicas

Lúcia Nobre

Beatriz e Vitor não queriam outra vida. Estavam apaixonados e viviam ligados o dia todo. Os pais dos jovens já estavam preocupados e resolveram pressioná-los para que estudassem, trabalhassem. Aceitaram trabalhar com a condição que pudessem casar. Não adiantou conselhos, casaram. A imaturidade do casal fez com que começassem a brigar. Tudo era motivo de desavenças entre o casal. Beatriz já trabalhava antes do casamento. Para ela, nada mais normal que continuar na Empresa que fornecia energia elétrica à cidade. Era uma funcionária municipal de Santana do Ipanema. Vitor, também, funcionário do DNER, na mesma cidade. Até ai tudo bem. O problema começava ali. Para o marido, a mulher não precisava trabalhar. Mulher dele não precisava sair de casa para trabalhar. Cuidasse de casa, agora tinha outras obrigações. Beatriz desde bem jovem era independente, recebia seu salário, jamais seria dependente do marido.

Antes de iniciarem o relacionamento conjugal, o casal já se desentendia. Pensaram em voltar à casa dos pais. Os pais não aceitaram. Que voltassem para a casa do casal. Tinham que viverem juntos. Não casaram? Beatriz não deixou de trabalhar e Vitor arranjou uma namorada, ali mesmo na cidade. Uma ex- namorada que estava disponível. Não deu mais para o casal conviver. A família acolheu a filha que definhava a cada dia. Era apaixonada pelo marido, não sabia viver sem ele. As famílias dos dois tentaram ajeitar as coisas, que voltassem a viver juntos, pois, se amavam. O rapaz só voltaria se a esposa deixasse de trabalhar. Nada feito, nenhum dos dois mudou de opinião. O rapaz pediu transferência para Maceió e Beatriz adoeceu gravemente. A família a internou no Sanatório em Maceió e ela não cooperava com sua própria recuperação. Não se ajudava, não fazia questão de se recuperar. A doença agravava-se.

Com o tratamento no Sanatório, melhorou. A família a acolheu em sua residência em Santana. Disposta, voltou a trabalhar. O marido retornou ao emprego em Santana e voltaram a se encontrar como se fossem namorados. Beatriz era uma mulher apaixonada, parecia uma adolescente quando dele falava. O que a machucava, eram as fofocas. Diziam que Vitor estava com ela e com Neide. Ele negava. Queria que fossem morar juntos novamente. A família não aceitava que os dois ficassem juntos. Ele é um rapaz irresponsável. Vitor e Beatriz fugiram para Maceió. Lá, alugaram uma casa e recomeçaram. Beatriz ficou sem trabalhar e Vitor voltou a se encontrar com Neide. Tornou-se um inferno a vida dos dois. A família de Beatriz investiga porque o rapaz consegue tão facilmente transferência de um lugar para outro. Santana-Maceió, Maceió-Santana. Descobre que Vitor tem problemas mentais e está de benefícios. Escondia este segredo da mulher. Levava sua vida com as duas mulheres. Os pais de Beatriz a leva para Santana, ela precisa do carinho familiar, de repouso e de uma boa alimentação.

A moça não esquece o seu grande amor. Passa o dia ouvindo música e lendo fotonovela. De ânimo fraco, reclama sua tristeza às amigas que soube conquistar, em sua cidade. Suas vizinhas acompanham o sofrimento daquela jovem de vinte anos, que nem tem saúde nem um amor sincero. Sempre fala que Vitor vai voltar e vão ser felizes. Neste tempo, sua mãe adoece gravemente. Doença incurável. Mais sofrimento para toda família. Mãe, internada em um hospital em Maceió, filha, cada dia que passa, fica mais angustiada e a doença agrava-se. Mãe e filha internadas no hospital. Torna-se insuportável a dor do pai e das outras filhas. A aflição maior é a da filha mais nova que só tem oito anos. Enquanto Beatriz luta pela vida, sua mãe dela despede-se. Morre no hospital e volta para Santana, onde é recebida pelos conterrâneos com grande tristeza. Por incrível que pareça, Vitor foi visitar Beatriz no hospital. Convida-a para fugir e participar de um baile. É carnaval. No outro dia, a moça é encontrada desmaiada e levada novamente ao hospital. Algum tempo depois, Beatriz despede-se de um mundo que não a fez feliz. Vitor fica com Neide.

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