Santana tem, ao lado da AABB, sua Estação Rodoviária. No passado, existia a Agência de ônibus, que por muitos anos, funcionou ali, próximo ao prédio dos Correios e Telégrafos. O movimento era intenso de chegada e saída de ônibus. Misturado aos vendedores de frutas, doces e cigarros, tinha uns meninos que se prontificavam a carregar as bagagens dos viajantes em troca de algumas moedas. Dentre estes, tinha Bebé “Fura Pacote”. Feio que só um peste! Pense num cabra mal desenhado! Na cabeçorra, um par de olhinhos pequenos, a boca sempre semi-aberta, acusava a ausência de uns dentes da “comissão de frente”, e completando o sinistro: um par de orelhas de abano. O apelido do infame denunciava sua prática abusiva: Tinha mania de furar os pacotes dos viajantes. Sabe-se lá com que nefasta intenção.
Um dia, Bebé recebeu de um cobrador, a incumbência de trocar uma nota de alto valor. Com a promessa de ganhar uma gorjeta, se conseguisse tal empreendimento. Após várias tentativas sem sucesso, acaba por acertar com a mercearia de Seu João, meu pai, que ficava ali atrás da toca. Lá, encontra minha mãe despachando. O malandro chega se mostrando:
-Ô Dona! Troque aqui essa nota!
-Não tenho!
-Ôxente! E aonde “tão” botando o dinheiro que rouba dos “freguês”?
Quando meu pai chegou, minha mãe contou o ocorrido. Ele ouviu calmamente e saiu. Dizendo que ia ao banco. Quando chega próximo da Agência de ônibus, avista o maloqueiro que também o vê. Só que Bebé, pensando que papai já não o vira primeiro, se esconde atrás de um carro, estacionado ali perto. Papai contorna o carro e encontra-o de cócoras. Suspende-o pelas orelhas. Ao tempo que dá-lhe o seguinte recado:
-Tá vendo aquela mercearia! Nunca mais você me cruze os batentes daquelas portas! Tá me ouvindo? Moleque sem-vergonha!
-Eu não disse nada não Seu João!
-Você me entendeu?!
-Sim! Seu João!...
Só então largou o insolente no chão. E nunca mais Bebé “Fura Pacote” botou os pés na mercearia de Seu João Soares!
Santana do Ipanema-AL, 06/08/2009
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