MEUS TEMPOS DE ESTUDANTE EM PALMEIRA DOS ÍNDIOS

Marcas do Passado

Remi Bastos

2° Capítulo

... Foi aí que vendo um sapato preto Terra do Zé em baixo da cama no meio de tantos, sem que ele visse, pois ainda dormia, o calcei e fui ao colégio.O pisante era tão macio que tinha a impressão de está andando de "Aerowills". Na sala de aula eu ficava o tempo todo lá na frente com as pernas cruzadas e oscilando o pé para que alguém visse o meu sapato novo. Foi então que o professor de matemática, Chico Potiguar me perguntou o que eu tinha, porque o tempo todo não parava de agitar o pé. Eu aproveitei a deixa do mestre e entrei: "nada não professor, é que está fazendo um calor da peste e eu de sapato novo".

Nesse momento a turma inteira, curiosamente levantou-se para ver o meu novo sapato e a risada tomou conta da sala de aula. Dias depois o Zé Silva notou o Terra no meu pé, não disse nada no momento, apenas fez um ar de riso. Somente mais tarde me falou: "gostou do terrinha?" --- Pedi-lhe desculpas, disse que havia calçado por engano, e mais uma vez sorriu e disse, é seu, presente de amigo. A partir daí dediquei todo carinho ao novo companheiro de caminhada. Um belo dia fui convidado pelo Petrúcio para ir ao treino do Palmeira Futebol Clube, o Palmeirinha, no campo do C.S.E. (Centro Social Esportivo de Palmeira dos Índios). Fiquei observando os jogadores, principalmente do ataque e senti-me escalado para jogar naquele time. Lembrei-me de Seu Zé Ratinho, na época treinador do Ipanema que conhecia a minha afinidade com a bola, e quando eu ainda sonhava com a possibilidade de estudar no Recife o que por infelicidade não deu certo, se propôs redigir uma carta encaminhando-me ao treinador do Náutico um velho amigo seu informando sobre o meu futebol. Por coincidência o Palmeirinha jogaria em Santana do Ipanema no próximo domingo contra o Ipanema, falei com o Petrus para conseguir uma vaga no time e poder jogar na minha cidade.

Tudo certo viajamos posteriormente a Santana onde fomos recepcionados no Restaurante situado no Lago do Maracanã, no Bairro Camoxinga. À tarde fomos nos preparar para ida ao Estádio Arnon de Melo na Sede dos Artistas. Porém, um imprevisto aconteceu, o treinador não conhecia o meu futebol, apenas o Petrúcio sabia do meu trato com a bola através de notícias nas rodas de amigos. Peguei a camisa com o número 12, pensei comigo mesmo, essa jaqueta deve ser uma tremenda reserva. Falei como técnico Nino que não aceitaria ficar na reserva, logo para jogar na minha cidade. Fiz-lhe uma proposta, dê-me a camisa 8 e apenas 15 minutos jogando, caso não lhe agradasse pudesse me tirar do jogo.

"Voltem na próxima semana".

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