Em um domingo como tantos outros me dirigi a cidade de Olho d´Água das Flores, fato rotineiro visto que minha namorada, Mariana, mora naquela cidade.
Chegando à casa da “patroa” fui logo convidado pelo esposo de minha cunhada, Davi, para ir até a sua casa, pois lá estavam alguns amigos tomando aquela cervejinha em mais uma tarde quente do sertão alagoano. Em poucos minutos já estávamos na porta da casa do Davi sentados em uma mesa acompanhados pela “loirinha gelada” e por gostosos tira-gostos.
Cerveja vai, cerveja vem e de repente avistamos no topo da ladeira o vigário da cidade que descia a passos firmes a caminho da igrejinha localizada na Rua Santa Cruz, naquele domingo haveria a procissão que marcaria o encerramento dos festejos alusivos a São Francisco de Assis, padroeiro daquela comunidade.
Nós como bons fiéis que somos logo soltamos:
- Padre, tome um pouco de coca-cola, a procissão vai ser longa!
De pronto ele respondeu:
- Não meninos, estou apressado, vamos a procissão?
Não poderíamos ficar por baixo, sabíamos que a procissão tradicionalmente passava por ruas paralelas aquela, assim sendo, prontamente respondemos:
- Estamos apenas aguardando o senhor passar com a procissão para que possamos acompanhar!
Brincalhão como sempre ele disse:
- Pronto, então está tudo acertado, não vou passar subindo a ladeira por que tenho certeza que vocês não vão conseguir subir, mais descendo pode esperar!
Depois disso o padre se despediu e continuamos com a nossa cervejinha.
Eu, Davi, Franquinho e Testinha continuamos lá e de certa forma até rimos um pouco com o que o padre havia dito, pouco tempo depois começamos a ouvir os fogos que anunciavam o inicio da procissão.
Tudo continuava da mesma maneira até novamente olharmos para o topo da ladeira e avistarmos aquele “mundaréu” de gente, até brincamos dizendo que o padre tinha mudado a rota, mas jamais acreditaríamos no que viria a acontecer. Guardamos a cerveja em respeito ao momento e junto com a cerveja o danado do Franquinho também se escondeu.
Quando a procissão chegou à porta da casa do Davi o padre fez um sinal para todo o povo e a procissão parou, ele se aproximou da gente e disse:
- Vamos meninos? Vocês pediram e estamos passando por aqui!
Nesse momento não pestanejamos!
- Padre “Trato é Trato” a gente não disse que ia, então vamos!
Nesse momento seguimos os três ao lado do padre até a igreja da Rua Santa Cruz em meio a glórias e vivas ao santo padroeiro!
Mesmo naquele momento achando o fato engraçado e não o tendo compreendido, hoje vejo a missão do reverendo e o parabenizo pela sua ação pela fé, o mundo seria bem melhor se todos pensassem dessa forma e buscassem cativar pessoas em todos os lugares.
Cheops Araújo Malta
Nov/2008
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