Seu Domingos (nome fictício), não tinha casa para morar, conseguiu junto com sua família, a esposa e quatro filhos invadir uma construção antiga e com mais três famílias dividem um teto. Seu Domingos ganhou uma farda de um colega e prestava um serviço para a comunidade, mais de “alegoria”, que só ele sabia fazer. Dessa forma, durante a feira conseguia o alimento de sua família, apenas o Bolsa Família, constitui a renda da família de Seu Domingos.
Quando as pessoas o olhavam com aquela farda (não sei se era de guarda municipal ou de outra guarda) sempre riam das suas brincadeiras de como ele levava a serio a farda e exigia respeito por ela. Risos e mais risos, de alegria, não eram risos de deboche, alguns apenas aqui e acolá, mas nada que Seus Domingos não pudesse se sair. Ele nunca estava de “cara feia” sempre conversando com as pessoas.
Tem um violão, onde aprendeu a tocar sozinho e ficava às tardes tocando para seus vizinhos ou quando ele via alguém tocando algum instrumento ele se encostava e mostrava o que sabia fazer. Uma família sem nenhuma infraestrutura, desestruturada emocionalmente, mas as crianças não perdiam aula, pelo menos os menores.Como a cidade é pequena todo mundo conhecia Seu Domingos, mesmo poucas pessoas tendo ido ver como aquela família estava vivendo.
De repente Seu Domingos é acometido por uma doença e fatalmente tem que amputar sua perna, o diabetes não o perdoou. Seu Domingos está hoje numa cadeira de rodas, em sua casa “invadida”, sem poder mais vestir sua farda e nem buscar o sustento da sua família. E como estão vivendo? Quem sabe, ninguém tem tempo para ir ver isso, porque tem que se comprometer. A gente só que ver a vidas do vizinho apenas para falar mal dele, mas quando é para ajudar ou se comprometer, ninguém faz nada.
Todos passam pela sua porta e sente pena do “coitado” de Seus Domingos, meus Deus, ninguém vai fazer nada? E continuam seu caminho. Ele não usa mais a farda e ninguém sentiu sua falta. Seu Domingos está muito depressivo e não pode sustentar mais a família, a esposa e o filho de 15 anos estão tentando prover a família. E a comunidade, muitos nem sabem que ele está assim. Estamos passando por um tempo quaresmal, tempo de reflexão, mudança de vida, arrependimento dos pecados, conversão. A Campanha da Fraternidade fala da economia solidária, “Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro” (MT 6, 24) Com todo esse momento em que estamos vivendo de reflexão e ação, Seu Domingos ainda vai continuar por longos anos fazendo o que alguns cristãos fazem uma vez por amo: JEJUANDO, não por opção, mas por precisão.
E povo não tem tempo para resolver porque estão procurando a resposta para a pergunta: mas ninguém vai fazer nada?
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