BARCELONA X BAYERN

Joaquim José Oliveira Chagas

BARCELONA X BAYERN


“Dave, minha mente está se esvaindo...” (últimas palavras de HAL o traiçoeiro computador do filme 2001 Uma Odisseia no Espaço). Esta deve ter sido também a sensação que os jogadores do Barcelona sentiram ao final do jogo perdido por 3 x 0 neste 1º de maio de 2013. Algumas lições que ficaram para nós moradores abaixo da linha do equador, sobre futebol (ou seria sobre razão x emoção, disciplina x talento, profissionalismo x amadorismo e por ai vai), como País do futebol, pátria de chuteira que vamos sediar uma copa do mundo fica a pergunta: O que fazer?
Desculpe-me, leitores, mas não tem como, vendo o Bayern jogar, não lembrar, com certo arrepio, de uma Divisão de tanques Panzer avançando no norte da África com o general Robben à frente comandando a invasão. É uma visão no mínimo assustadora, mas foi o que vimos no jogo de ontem. Para nós, Brazucas, foi uma experiência reveladora, um choque de realidade, pois, precisamos entender que a ginga brasileira, o talento individual, (por mais genial que seja) não é mais fator decisório para se ganhar um jogo, muito menos uma copa do mundo. O mundo mudou e com ele o futebol, dentro do campo, como nas empresas de hoje, busca-se resultados. É um futebol focado como tudo no século XXI. E como alcança-lo?
Lições apreendidas nos campos de batalha, os quais são chamados também de jogos, mas jogos de guerra. O futebol deve beber também desta fonte, pois vamos lá: 1º Planejamento (plano de contingência); 2º Força física (preparo); 3º Tática (estratégia); e 4º Disciplina (espírito de corpo) tudo isto tomamos de empréstimo dos militares, tudo isto fazem jus a palavra inglesa para time. (equipe) etc.
Neste futebol moderno não existe espaço para Salvador da Pátria (olha o perigo para quem enxerga tanto na política, quando no futebol um salvador onde se deposita todas as nossas esperanças). Neste time de hoje todos são importantes como numa orquestra; do triângulo ao violino todos tem seu papel, todos respondem pelo pequeno minifúndio dentro de campo. Agora, que lições podemos tirar do campo para a vida?

Triste de um povo que deposita suas esperanças em Pai da Pátria, Salvador, Caçador etc., todos nós precisamos de exemplo, de guia, um capitão, mas como referência, como interlocutor e não como salvador. O futebol latino e a Política aí incluída Espanha, Itália, Portugal, Grécia etc. ainda padece de arranjos táticos contando com estrelas individuais, este talento são importante sim, mas, mais importantes são os resultados finais. Na política ainda acreditamos que fulano resolva o problema da seca do nordeste, que sicrano crie mais uma bolsa ilusão etc. Não sou ingênuo, sei que nestas plagas historicamente fomos formados para acreditar sempre no porvir, no Brasil País dos milagres, Pais do Futuro, mas o futuro se planta hoje.
Se quisermos ganhar mais uma Copa do Mundo, devemos fazer como já fizeram muitas empresas brasileiras, que adotaram modelos exitosos de administração moderna e hoje são respeitadas lá fora. Podemos, como Nação, buscar esta excelência e no futebol termos a humildade de reaprender aceitando que não se ganha jogo com esta patriotada de “Pais de chuteira”, que somos “Pentacampeão”. Temos que lutar por resultados positivos tanto nas nossas políticas publicas, cobrando desempenho melhor dos Colégios, dos Hospitais, da Segurança Publica etc. e no futebol um novo recomeço. Fica para trás aquele que não tem a humildade de se reciclar, pois como se diz a arte imita a vida. Haverá sempre o que apreender, para não ficarmos dependendo do aparecimento de tempos em tempo de um Garrincha, de um Pelé ou de um Neymar. O jogo de hoje mostrou claramente que o futebol moderno, tal qual uma empresa privada não pode se dar ao luxo de apostar todas as fichas em um único empregado/jogador polivalente, mas sim numa equipe de colaboradores/jogadores entrosados, focados, sobretudo preparados para desempenhar bem sua função, seja nas 8 horas diárias na empresa ou nos 90 minutos dentro do campo. Sempre haverá espaço para o talento, a criatividade a genialidade, (é isto que torna algumas partidas memoráveis no espaço-tempo daqueles momentos) mas, como dizem os cientistas nobelistas o sucesso é o resultado de 90 por cento de transpiração e só 10 por cento de inspiração.
Por último, mas não menos importante: “Quando a oportunidade encontra a preparação” temos o que chamamos de Sorte. E foi isto que vimos nesta partida memorável. Fica o aviso há uma diferença enorme entre saber que alguma coisa existe e saber por meio da experiência própria, foi o que descobriu o Barça.
Se liga Brasil... Caso contrário vamos repetir o diálogo de HAL com o professor Dave Bowman (2001 uma Odisseia no Espaço) ... Esta conversa não tem mais propósito. Adeus.


JOAQUIM J. OLIVEIRA CHAGAS
Administrador Público
01/05/2013

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