No ano de 1970, a exatos quarenta anos atrás, foi ano de Copa do Mundo. No México o Brasil conquistava o tricampeonato Mundial de Futebol. Naquele ano nosso sertão fora assolado por uma grande seca. Foi tão traumático pra nós sertanejos que ainda hoje, quem vivenciou tal período, quando quer falar de alguma coisa muito ruim faz uso da comparação: “...pior que a seca de setenta”.
Tal fenômeno climático possibilitaria um outro fenômeno humano: O aumento do êxodo rural. A periferia de Santana do Ipanema aumentaria. Ocasionando o surgimento de novas ruas como a rua de Zé Quirino e muitas outras.
A cidade tornara-se inchada de gente fugida do flagelo da seca e era comum encontrar-se levas de mendigos pedindo pelas portas. Os ex-trabalhadores rurais foragido da caatinga que tinha vergonha de pedir esmola se virava arranjando uma nova profissão: Engraxate, sapateiro, carroceiro, carreiro, estivador, etc.
Mas tinha aqueles que nem pedia esmola, nem arranjava profissão nenhuma. Tornavam-se assíduos frequentadores de cassinos e cabarés. Levando uma vida de vagabundo. Sibilunga era uma desses que passava os dias e as noites pelos bares e casa de jogos da cidade. Sabemos que qualquer um que queira manter-se numa vida assim boêmia tem que ser muito esperto e malandro. Com nosso protagonista não era diferente. Sibilunga um dia chegou no Bar Santo Antonio com uma fome danada, liso sem um réis no bolso. O bar ainda hoje existe, fica próximo ao antigo Cine Alvorada, de propriedade de Seu Antônio Pacífico. E encontra nosso amigo Gil “Pira” (hoje BB) no balcão. Olhando pra uma bandeja de ovos cozidos, lança um desafio ao balconista filho do dono do Bar:
-Gil quer apostar que eu como esses ovos tudinho!
Ora, devia ter ali perto de três dúzias de ovóides das “penosas”.
-Duvido! Se comer não paga nada!
Pronto era o que o malandro queria ouvir. Largou o pau a comer ovo que juntou gente pra ver. Não ficou um pra remédio. E após a refeição desproporcional ainda tomou um monte água. Pronto a fama de Sibilunga de comilão correu solta. Noutro dia ele estava na sorveteria do Cine Alvorada, nesse tempo era de propriedade de Sérgio do Samburá. E após tomar um sorvete é desafiado pelo dono da sorveteria:
-Sibilunga estão dizendo por aí que você é comilão. Duvido você comer essa lata de doce.
E colocou a lata - naquele tempo era de lata - de goiabada no balcão.
O malandro diante do desafio ainda desdenhou:
- Se eu comer ganho o que?
-Ora, ganha o doce.
E ele meteu o dente pra cima. Não levou mais de quinze minutos pra devorar todo o doce.
E Sérgio:
-Vamos estou esperando.
-Esperando o que? Já comi o doce todinho...
-Sim você comeu o conteúdo a aposta é pra comer a lata!
Resultado perdeu a aposta e teve que pagar o doce consumido.
Fabio Campos 22/06/2010 É professor em S. do Ipanema – AL.
Contato: fabiosoacam@yahoo.com
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