PASSARINHO X ZÉ ORNÉLIO

Fábio Campos

As Festas Nacional do Feijão, em Santana do Ipanema na década de setenta, projetaria nosso município no cenário dos eventos agrícolas do país. E nos tornaria cidade pólo da região do baixo, médio e alto sertão. E traria entre outros benefícios um Armazém da CAGEAL iniciativa do Secretário de Estado Divaldo Suruagy, junto ao então governador Lamenha Filho.

Também uma das Festas do Feijão possibilitaria a vinda pela primeira vez na história do município, de um Ministro de Estado, Alisson Paulinelli da agricultura, na reinauguração do escritório da ANCAR, tempos mais tarde viraria a EMATER, que chegou devido a tradição do município de ter economia essencialmente agropastoril.

Na mesma época seria criada a Cooperativa Agropecuária de Santana do Ipanema a CARSIL. O município destacava-se na produção da leguminosa mais famosa do Brasil, o feijão, que nossos agricultores sempre consorciaram com um cereal também muito popular o milho. Éramos ainda grande produtor de uma outra cultura, cujo objetivo era estritamente comercial: O algodão. E duas usinas beneficiadoras do famoso “ouro branco”.

Por tudo isso, tínhamos o maior contingente de Estivadores da região. Pois era pra Santana do Ipanema que convergia toda a produção de todos os municípios conosco limítrofes. Pena que eles não se organizaram em um sindicato da categoria, a exemplo dos que atuam no cais do porto de Jaraguá em Maceió. A maioria remanescente quilombola ou indígena. Daquela época como símbolo dessa categoria, temos Zé Negão que já não atua no carrego de estivas. Profissão ingrata que invalida cedo. Muito embora ainda podemos vê-lo a organizar todo ano, o Bloco Arrastão.
E tinha Passarinho um indígena e Zé Ornélio um meio galego, considerados dois dos mais fortes Estivadores de nossa cidade. E lá estava a maloqueragem da Praça do Monumento tendo Rosival Sobreira e Agnaldo do Hotel ao centro, discutindo qual desses dois era realmente o mais forte, dizia Rosival:

-Zé Ornélio é o mais forte! Ele mata boi lá na Matança só com um murro.

- Ah! E Passarinho, carrega 03 sacos de 60 kg! Um na cabeça, mais dois, um em baixo de cada braço e ainda me leva montado na cacunda.

-Zé Ornélio, abre um coco verde na base da mordida!

- Tá! E Passarinho que abre um coco seco quebrando na cabeça.

-Zé Ornélio atravessa o panema nadando só com uma mão e na outra vai seu jegue debaixo do braço.

-Passarinho come sozinho um cuscuz inteiro com dois litros de leite e carne, uma buchada, uma jaca e um litro de coca-cola, duma vez só! Agora no outro dia... Humm!

-O que é que tem no outro dia Agnaldo?

-Tá o tamanho dá cagada!



Fabio Campos 25/06/2010 É professor em S. do Ipanema – AL.
Contato: fabiosoacam@yahoo.com

Comentários