No final de semana que passou fui acometido de surpreendente mal que iniciou-se com uma espinha, dessas provocadas pela acne, na ponta do nariz. Digo mal porque evoluiu pra um inchaço que desfigurou totalmente meu nariz e por conseqüência o rosto. Com um nariz de pimentão pensei já estou fantasiado pro carnaval.
Tirante o lado engraçado, a auto-medicação a que me propus ingerir, causar-me-ia calafrios, febre, dor de cabeça e mais inchaço no rosto. Resultado fui hoje parar no Hospital Doutor Clodolfo Rodrigues de Melo. Ao dirigir-me ao setor de emergência a primeira surpresa. Ali tudo perfeito, bonito, limpo, mas os pacientes precisam passar por uma triagem. Recepcionado fui por um rapaz simpático que me reconheceu (apesar do meu rosto desfigurado), era um ex-aluno Adriano. Entregou-me uma senha a de número 0006, isso significava que haviam pelo menos cinco a minha frente! Pediu-me que eu aguardasse numa, perfeita, aclimatada, e identificada: “Sala de Espera” Anotei a hora de chegada: 7:43h. Avaliei eu mesmo meu quadro clínico: Febre, dor de cabeça, dor no local do inchaço, os olhos ardidos pela noite insone, taquicardia.Fiquei a imaginar a seguinte cena:
E se chegasse ali o paciente número sete com um tiro ou uma facada. Dando um cordial bom dia ao Adriano e mesmo o sangue escorrendo pelo chão magnificamente limpo seria conduzido a sentar-se numa das estofadas cadeiras da "Sala de Espera".
Às 8:05h. Fui novamente surpreendido com um som que encheu o ambiente aquele mesmo som que se ouvem nos aeroportos. Uma espécie de Din-Don pra avisar um vôo, só que era muito alto! Pensei que ouviria em seguida uma voz, tipo assim:
“-Atenção senhor da cara inchada! Portador da senha: Zero,zero,zero seis queira por favor dirigir-se ao portão número tal e boa viagem!”
Fui conduzido pelo Adriano a sala de uma enfermeira muito simpática, de nome Bianca, fez-nos uma série de perguntas, cobrou-nos documentos, digitando as informações num microcomputador que emitiu uma folha impressa. Mediu nossa pressão arterial, que eu já sabia estar alta. Constatou a presença de febre que eu também já sabia estar com ela. Falou e digitou da erupção no ápice do nariz. Nome bonito arretado pra nariz inchado!
E fomos encaminhado para um balcão onde nova entrevista seria concedida. Desta vez a uma moça nada simpática, ela perguntava coisas a gente mas seu olhar era pra um monitor de microcomputador com ar severo como se dentro daquela janela de luz alguém sugasse sua alma. Como se dali de dentro emanasse sua vida. Ali adquirimos uma fitinha entorno do pulso e fomos conduzido a outra “Sala de Espera” onde outra pessoas aguardavam portando suas fitinhas no braço e comportadamente (pouco importa o que estivesse sentindo) aguardavam na sala de espera.
Finalmente as 9:05h. (pôxa que rapidez!) um jovem médico perguntou aos que esperavam: Tem alguém chamado Fabio Campos. Fiz um minuto de suspense só pra ver se aparecia outro eu. É, como só tinha eu mesmo! Me apresentei. Fui conduzido a sala. O médico me olhou com cara de comprador de cavalo. Observou o papel que a enfermeira Bianca tinha preenchido e por motivos muito éticos não iremos relatar os pormenores da consulta médica. De prontuário na mão fui conduzido a saída era 9:30h. Ainda dei uma olhada no entorno do magnífico prédio que via de perto pela primeira vez. E peguei um mototáxi as 9:43.
Não pude deixar de lembrar, olhando pra placa do hospital e lendo várias vezes o nome, de quando uma vez fui me consultar com Doutor Clodolfo no seu consultório, bem ali vizinho a casa de Seu Marinho, seu pai, próximo a Val Cardoso. Eu devia ter uns quinze anos de idade ( foi ontem os números só mudaram a posição: 51!) E eu no meio da consulta acharia de dizer:
-Doutor eu acho que vou morrer do coração!
-Deixa de falar besteira menino, que coração! Menino diz cada uma...Vá pra casa, diga a seu pai que eu mandei lembranças...
Fabio Campos 25/01/2011 É Professor em S.do Ipanema- AL.
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