CAMISINHA, CAMISA E CUECA NO CARNAVAL

Fábio Campos

Em determinada aula de Biologia, noutro ano, às vésperas do carnaval, debatemos o índice crescente de casos de AIDS no município de Santana do Ipanema. Papo descontraído, muitas dúvidas sobre como “se pega” ou “não pega” a doença. Daí tivemos que esclarecer pra uma aluna, curiosa, o porquê do artefato usado para evitar DST’s (Doenças Sexualmente Transmissíveis) também usado como anticoncepcional, ser chamado de Camisinha. Pra nós que viveu a juventude nos anos setenta, nada mais natural saber, pois desde aquele tempo que o preservativo era chamado de Camisa de Vênus, uma alusão a deusa do amor e da beleza romana (Afrodite, sua correspondente na mitologia grega). Ocorre sempre, um misto de espanto e crises de risos, quando nossos jovens ficam sabendo que esse tipo de preservativo foi inventado ainda na Idade Média, com a utilização de vísceras e bexiga de animais. O látex só surgiu depois da Revolução Industrial, século XIX da Era Contemporânea.

O carnaval está aí e nada mais correto do que se cuidar, se prevenir. Hoje em dia, um pai, uma mãe de família tem a obrigação de orientar seus filhos, para os riscos que correm quando se expõem a determinados grupos de relacionamento, por exemplo, um bloco de carnaval. Os pais jamais devem estranhar, se encontrar preservativos na bolsa da filha, ou do filho adolescente. Se isso acontecer tem todo direito de querer saber se seu filho ou sua filha já se iniciou ativamente na vida sexual, e cobrar deles responsabilidade, de ter apenas um parceiro, e mesmo assim com o uso do preservativo. Assim dizia “O velho Guerreiro”:

Bota camisinha
Bota meu amor
Que hoje tá chovendo
Não vai fazer calor
Bota a camisinha no pescoço
Bota geral
Não quero ver ninguém
Sem camisinha
Prá não se machucar
No Carnaval...
Cassino do Chacrinha

O carnavalesco pernambucano Claudionor Germano cantou e encantou em meados da década de setenta convocando a juventude pra abrir a camisa, e pular com alegria o carnaval, numa candura, numa evocação da paz e de brincar feito criança. Sem maldade, sem subterfúgios ou más intenções. Evocando carnavais de nossos antepassados.

Eu quero ver esse ano
A juventude dourada
Na rua que é do povo
Camisa aberta no peito
Fazendo o que os seus avós
Fizeram em tempos passados
Ao som do frevo bem quente
O passo sem preconceito
Estou aqui para ver
A juventude dourada
Nessa alegria de louco
Entrando na madrugada
Almir Rouche - Juventude Dourada

Final dos anos noventa, meu filho Joaddan entrou pra um bloco de carnaval chamado de Caça-Cachaça. Desses blocos modernos que não andam mais a pé. Os componentes contratavam um motorista, compravam determinada quantia de cerveja e encima dum carro iam pra outros municípios em busca da alegria do reinado de Momo. A mãe já sabia, pelos quatro dias de folia, seriam quatro cuecas perdidas, pois quando estavam prá lá de Bagdá, fazia parte, uma troça do bloco, tirar a cueca de todos componentes, com um detalhe a peça de baixo, tinha que sair sem que fosse preciso tirar a bermuda.

Eu mato Eu mato
Quem roubou minha cueca
Pra fazer pano de prato
Minha cueca
Tava lavada
Foi um presente
Que ganhei da namorada

Fabio Campos 16.02.2012 No fabiosoarescampos.com Conto “Vida e Carnaval”

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