Para a nova geração a palavra-título, pode nenhum significado trazer e até carecer de tradução. Ao que iremos tentar pois nem no velho Aurélio encontramos: Morozilha referia-se a um doce à base de açúcar e essência de groselha ou morango. A guloseima adquiria uma consistência dura que aderia ao dente quando mordida. Era vendida em barrotes de cor branca, podendo se apresentar em tablete dentro de uma forma de zinco, de onde se ia fracionando com uma faca peixeira. Um doce atual que mais se aproximaria dele, seriam aquelas bengalas brancas raiadas de vermelho que enfeitam as iguarias natalinas. Creio que seria seu parente mais distante. Há ainda outros dois tipos de doces que o mesmo ambulante vendedor de Morozilha comercializava também: O puxa-puxa e o Quebra- queixo.
No clímax da campanha eleitoral deste ano, Téo Vilela defendeu-se dos ataques da oposição dizendo que não havia trazido pra Alagoas apenas os “Picolés e Sorvetes Caicó”. Melhor seria senhor governador reeleito, que seus opositores tivessem um pouco mais de respeito e consideração pelos vendedores ambulantes, eles constituem-se pequenos empresários. E são as pequenas e médias empresas que movimentam perto de dois terços da economia de qualquer país. A distribuidora cearense de sorvetes, já aportou em terras alagoanas e merece credibilidade e respeito pela geração de emprego e renda onde quer que chegue. Aliás a vendagem ambulante - porta à porta - está cada vez mais organizada, há a utilização de recursos auditivos e visuais.
No passado pipoqueiro, vendedor de Algodão Doce, Quebra-queixo e Morozilha, possuíam equipamento muito rústicos para revender seus produtos. Não tinham muita concorrência, não se preocupavam em agregar valor ao produto. Isso faz parte de um remoto passado.
Tinha aqui em Santana do Ipanema, um velho carroceiro – dono de carroça de burra – que atendia pelo apelido de Morozilha, creio que tenha exercido antes desse ofício, a vendagem do doce. E tinha João seu filho e auxiliar. O tratamento que ele dispensava para com o quadrúpede, era em muitas vezes, melhor do que o dispensado ao filho. João sofria o pão que Morozilha amassou.
Certa ocasião depois de chegar do Grupo Padre Francisco Correia, ao invéns de ir cuidar da mula do pai (desculpe-nos a redundância!). João deveria levá-la pra pastar no riacho do bode, dar banho e água de beber. Foi jogar bola no campinho dos fundos da casa de Evilásio, mais nego Cid, saudoso Zé Carlos, “Tostão” irmão de João Carnaúba, saudoso Laerte Dantas entre outros. Menino! João quando chegou em casa, foi amarrado a um tronco, levou um surra tão grande com o relho de bater na burra que mijou-se todinho. Alguns dias depois ao retornar as aulas, os colegas perguntavam:
-João tu ainda vai jogar bola?
-Só depois que eu ajeitar a burra de pai!
Fabio Campos 21/12/2010 É Professor em S. do Ipanema-AL
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