ÓLEO DE RÍCINO NELES!

Djalma Carvalho

Djalma de Melo Carvalho
Membro da Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes.

Faz pouco tempo, li frase do Dr. Paulo Bezerra Nunes em artigo publicado no boletim O Jererê, edição de novembro/dezembro-2016, que diz: “Todo medicamento é remédio, mas nem todo remédio é medicamento.” E acrescentava ele: “Remédio é banho quente, massagem para diminuir tensões, chá caseiro (...)” enquanto que “medicamento é substâncias ou preparações elaboradas em farmácias de manipulação ou industriais (medicamentos industriais) que devem seguir determinações legais de segurança, eficácia e qualidade.”
Lembrei-me dessa observação medicinal ao me encontrar, recentemente, com o colega João Batista Santos, também aposentado do Banco do Brasil. Participávamos, eu e ele, de confraternização natalina promovida pela Associação dos Aposentados do Banco do Brasil em Alagoas – AABBA, com a presença de 250 convidados, entre aposentados e familiares.
Observamos, durante a conversa, que do nosso grupo de 14 colegas que tomou posse no BB em julho/agosto de 1961 em Santana do Ipanema, apenas nós dois estávamos ali naquela festiva confraternização. Desse grupo, comentamos, estão de pé, com plena saúde, indo e vindo, gozando a vida, somente nove colegas. Os demais não mais pertencem ao mundo dos vivos, infelizmente.
Voltando ao assunto inicial, sobre remédios e medicamentos, recordo-me que minha mãe, lá no Sítio Gravatá, interior de Santana do Ipanema, usava chá de cidreira, chá de sabugueiro, chá de folha de olho de aroeira e de outras ervas e plantas, para aliviar e curar males dos seus filhos, ainda crianças. Para febre, por exemplo, ela usava chá de folha de aroeira, de reconhecida eficácia. Também aplicava óleo de rícino para eventual esvaziamento e limpeza de intestino. Entretanto, ela não sabia o significado das palavras fitoterapia, homeopatia, muito menos alopatia. Essas 10 crianças, assim medicadas, cresceram saudáveis e ultrapassaram a casa dos 60 anos de idade.
O colega Esdras Caldas fez parte do nosso grupo de 14 colegas acima referido. Transferido que fora ele da agência do BB em Santana do Ipanema para a de Maceió, situada na Rua Senador Mendonça, centro, logo ali passou a exercer, como chefe, a função de administrador do edifício da agência. Sob seus cuidados e com sua supervisão estavam vigilância, segurança, limpeza, restaurante, manutenção de máquinas e equipamentos, central de ar condicionado, elevadores, móveis e utensílios, reparos do prédio, etc.
No 12º andar da agência funcionava o restaurante, tipo bandejão, onde se serviam os funcionários. Certo dia, alguma coisa errada aconteceu com um dos componentes do cardápio do restaurante, provocando desarranjo intestinal em boa parte do pessoal, com reclamações de toda ordem que apareceram no dia seguinte.
Eu conhecia, seguramente, o temperamento, reações e emoções do colega Esdras. Não obstante tratar-se de excelente funcionário, trabalhador, honesto, homem de bem, ele não sabia suportar agressões verbais ou insultos, nem tinha papas na língua. Juntos, havíamos trabalhado por muito tempo na agência de Santana do Ipanema, sem nenhum problema. Eu como subgerente, ele como chefe de serviço.
Sobre o incidente do restaurante, o assunto foi tratado numa reunião institucional mensal, com a presença do gerente geral, realizada no auditório do edifício. Na reunião, um funcionário incomodado levantou-se, comentou o episódio como prejudicial à saúde e pediu mais atenção do administrador do prédio, no sentido de que o desagradável fato não mais voltasse a ocorrer.
Com a palavra, o chefe Esdras lembrou as providências que foram por ele imediatamente tomadas. Mas não esqueceu, afinal, de ressaltar que óleo de rícino, aplicado nessas circunstâncias, fazia muito bem à saúde. Com certeza, teria servido, no mínimo, para a limpeza do intestino do reclamante e dos colegas que infelizmente teriam adoecido...

Maceió, dezembro de 2017.




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