Para início de conversa, sabida é aquela pessoa perita, conhecedora, circunspecta, versada em conhecimentos gerais, dados definidores do substantivo para os quais necessitei de ajuda de mestre Aurélio.
Há alguns meses, adquiri, em feira de livros de shopping, o exemplar Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto (1881-1922), romance considerado clássico da literatura brasileira. O livro escrito em 1911 tem visão crítica de costumes e comportamentos da sociedade brasileira do começo do século passado, com o Brasil já elevado a República e anterior à Semana de Arte Moderna realizada em 1922.
O romance transformou-se em filme em 1988, exibido no cinema nacional com o título de “Policarpo Quaresma, Herói do Brasil”, estrelado por Paulo José e Giulia Gam.
Eu não havia lido o livro nem assistido ao filme. Major Quaresma, bem engendrada ficção, personagem do livro, tinha o hábito de ler livros em demasia, de modo que transformara sua sala de visita em uma livraria, na qual as estantes eram totalmente tomadas de livros.
O major não tinha inimigos, mas, por ser leitor contumaz, esse fato incomodava Dr. Segadas, famoso médico da cidade, que criticava Quaresma por seu hábito de exagerado leitor. Ele, o médico, não podia admitir que Quaresma tivesse livros: “Se não era formado, para quê? Pedantismo!”, alegava o médico.
Por essa época, existiam poucas escolas públicas, faculdades, no Brasil de então. Em Santana do Ipanema, por exemplo, o ensino era exercido em escolas particulares. Os professores José Limeira, Floro Araújo Melo e Josefa Leite, por aí, encarregavam-se de educar a mocidade santanense. Em Alagoas, a partir de meados de 1930 é que foram surgindo os grupos escolares, sobretudo nas cidades alagoanas, para onde foram sendo nomeadas jovens professoras. O Ginásio Santana surgiria muito tempo depois, inaugurado em 1950.
O Brasil cresceu, desenvolveu-se e a educação tomou novos rumos. O ensino superior está, agora, ao alcance da mocidade em todos os quadrantes do País. Graças a Deus!
O escritor santanense Tadeu Rocha, em seu livro Modernismo & Regionalismo, páginas 32 e 33, tratou desse assunto. Em férias de colégio recifense, passadas em Santana do Ipanema, sua cidade natal, depois do carnaval de 1928, disse ele: “Por essa época, as pessoas ‘sabidas’ de lá de Santana do Ipanema eram o juiz de Direito Dr. Acioli, o promotor público Dr. Arquimedes, o professor Pedro Bulhões, o negociante Fernando Nepomuceno, o farmacêutico ‘doutor’ Carôla, o ‘engenheiro’ Joaquim Ferreira, o ‘advogado’ Joel Marques, o ‘astrônomo’ Sinhô Moares (porque conhecia a direção das chuvas) e o dentista prático ‘doutor’ Perdigão, que vivia aboletado, de cama, mesa e consultório, na casa do vigário padre Bulhões.”
Hoje, finalmente, Santana do Ipanema tem outra cara em termo de educação, e respira cultura, graças, de alguma forma, ao surgimento do Ginásio Santana, fundado em 11 de fevereiro de 1950 e com sua aula inaugural realizada, festivamente, em 15 de março de 1950.
Maceió, outubro de 2023.
Comentários