EXCURSÃO A BUENOS AIRES

Djalma Carvalho

Como sempre apreciei viajar, andei visitando quase todas as capitais do Brasil e algumas principais da Europa. Mas o conhecido mau humor dos argentinos me fazia relutar em visitar Buenos Aires. Aliás, tolo propósito porque agora me esclareceram que esse mau humor é cultural, imutável. O argentino é de pouca conversa. Até os motoristas são grosseiros como os daqui, salvo as devidas e honrosas exceções.
Depois de voo tranquilo (Maceió-São Paulo-Buenos Aires), que durou cerca de cinco horas, descemos no aeroporto de Buenos Aires, ali recebendo as primeiras lufadas do vento frio, cortante, que sopra no final de inverno naquele país. Frio que nos leva a usar, de imediato, apropriados agasalhos.
Após o desembaraço alfandegário e visita à casa de câmbio no próprio aeroporto, os quatro do grupo foram recebidos por Natália Nicotera, a guia turística portenha que falava fluente português e que nos levou ao Hotel Viasui, na Avenida Viamonte, localizado no centro da cidade, perto de tudo. Logo, logo e sem cerimônia, as três gentis senhoras (Tetê Lages, Edenise Vitoriano e Rosineide Lins) nomearam-me representante do grupo, com função até de guarda-costas sem remuneração.
A história de Buenos Aires começa com sua primeira fundação em 1536, por Pedro Mendoza, povoação pouco depois destruída pelos índios querandis, para ser reconstruída em 1580 por Juan de Garay. Somente em meados do século XVIII a vila começou a desenvolver-se, com seu porto servindo ao comércio com a metrópole espanhola. A organização política consolidou-se em 1880 com a lei que criara o Distrito Federal. Hoje Buenos Aires é cidade autônoma, separada da província do mesmo nome, com a população calculada em quatro milhões de habitantes.
A cidade é linda, plana, com ruas e avenidas bem traçadas, cuja arquitetura muito se assemelha à linha clássica europeia, com estátuas, obeliscos, monumentos e amplos e belíssimos jardins. Buenos Aires é conhecida como “capital com sabor europeu e espírito latino”. Possui boa comida e bom vinho a preços razoáveis. Um real vale dois pesos. A Rua Florida, por exemplo, no centro da cidade e repleta de turistas, é a grande atração para compras.
O city tour programado deixou-nos, primeiramente, na histórica Plaza de Mayo, o centro cívico, onde ainda hoje as mães se reúnem para exigir notícias dos filhos desaparecidos durante a ditadura militar (1976 a 1983). Em frente, acha-se a Casa Rosada, a sede do governo. Numa esquina, a catedral metropolitana. Em volta da praça, importantes repartições governamentais. Em confortável ônibus, percorremos diversos bairros (Palermo, Recoleta, Retiro, San Nicolas, Montserrat, La Boca, Puerto Madeiro e San Telmo), com as devidas notas explicativas da competente guia, aí incluído o passeio de catamarã pelo delta do rio Paraná, com parada em San Isidro. Visitamos o La Bombonera, o famoso estádio de futebol do Boca Juniors. A grande e elegante casa de show Senhor Tango marcou uma de nossas noites em Buenos Aires. O tango está impregnado na alma e na vida dos argentinos.
A visita à feira de antiguidades no bairro de San Telmo, finalmente, me fez lembrar Santana do Ipanema, por conta da agradável surpresa: na bela catedral dali há um majestoso altar com a imagem de Senhora Santana, a padroeira de minha cidade.
Vale a pena conhecer Buenos Aires, a bela capital dos argentinos.
Maceió, outubro de 2010.

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