A musa desse poema
Há muitos anos nasceu,
O nome que recebeu
Foi Ribeira do Panema.
Santa e rio formam tema
Natureza, devoção,
Foi selada a união
Entre serras situada,
E também apelidada
Princesinha do Sertão.
Sabe quando foi gerada
Fruto do povo afoito?
Fim do século dezoito
Quando ela foi fundada.
Bebendo água salgada,
Descampando o matagal,
Esse polo regional,
Brotava cada semente
Pomposa e fluorescente,
Distante da capital.
Padre Francisco Correia
Trouxe Ana padroeira,
Gestor Martinho Vieira
Quem comandava a aldeia,
Abrindo poços na areia
Os caboclos se banhavam,
Os carros de bois passavam
Na estrada da Tocaia,
Mucreve levava vaia
Quando os jegues acuavam.
Vinte e quatro de abril
Foi sua emancipação,
Crescendo nesse torrão
Da caatinga varonil,
Hospitaleira, gentil,
Mil oitocentos setenta
E cinco, que se sustenta.
Essa musa Nordestina
Solo fértil e salina
A vida lhe alimenta.
Na sede do arraial
Foi construída a capela,
Hoje o santuário dela
Com salão paroquial,
Celebram um festival
Com novena, procissão,
Juventude e multidão
Torna a festa badalada.
Foi feijão e vaquejada
A principal tradição.
Da Sant’Ana o prefixo
Somando dois dá poema,
Santana do Ipanema
Ganhou do rio um sufixo.
Pendura o crucifixo
Do neto de São Joaquim,
Sant’Ana rogai por mim
E toda população,
Que produz na construção
Do país Tupiniquim.
Candinho e seu jumento
O seu filho primitivo,
Como escravo cativo
Simbólico Monumento.
Rompeu a brisa do vento
Seca, calor e verão,
Sol a sol com pés no chão,
Levou água à sua gente
Esperando fielmente,
Pela chuva no sertão.
O “Panema” se alimenta
Do Riacho Salobinho,
Comoxinga e Bodinho,
João Gomes acrescenta,
O Gravatá complementa,
Arrasta tudo faz linha
Alaga a margem todinha,
Limpando a poluição,
E Sant’Ana a proteção
Dessa gente ribeirinha.
No berço forró, cinema,
Na mesa carne assada,
Rapadura e qualhada,
Bons vaqueiros da jurema.
A dona desse poema
Gerou urbanização,
Armazém de Zé “oião”,
A Ceia e o mercado
Da carne, curral do gado,
Feira das frutas, povão.
A ciência, a poesia,
O folclore, a toada,
A varanda, a calçada,
E o chão da freguesia.
Escravo e burguesia,
Artesanato, pintura,
Cangaço, literatura,
Santana solo sagrado
Assim foi configurado
Seu trajeto na cultura.
Floresta e sua paisagem,
Cajarana coaduna,
Camoxinga, Baraúna,
Maniçoba bem na margem,
Lá na ponte da barragem
Do Clima Bom é o vento,
Da Cohab ao monumento,
Na BR Arthur Morais,
São Cristóvão passa mais
Maracanã cruzamento.
No centro seu patrimônio
Guardado e sem vigia,
São Vicente todo dia
Manuíno, Santo Antônio,
Que já fez o matrimônio
Frente ao Alto do Cruzeiro,
Lagoa do Junco celeiro,
Também Domingos Acácio
Percorrê-lo no amacio,
Bebedouro seu terreiro.
No São Pedro o palhoção
São José a cortesia,
Barroso, Santa Sofia,
Fogueira de São João,
O campo de aviação,
Velha Praça da Bandeira,
Todo sábado de feira
No calor das suas curvas
Seu rio de águas turvas
E lixo na cabeceira.
Assumo que sou teu filho
Carrego a sua beleza,
A cada chuva a surpresa
Valorizando seu brilho,
Hoje eu sou seu gatilho
Sua arma não me engana
Tua casa soberana
O sangue pulsa na veia
Amor maior que a cheia
Brota de mim por Santana.
Riacho, praça, avenida.
Tu não tens culpa de nada
Quando fica inundada
Na violência sofrida
Santana não perde a vida
O tempo vai percorrer
Pois aqui puder nascer
Você é o meu destino
Sou fiel sou nordestino
Santanense até morrer.
Poema em Homenagem a Cidade de Santana o Ipanema, de autoria do Cordelista e Psicólogo Diógenes Pereira.
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