O DONO DO ARMAZÉM
DO CD “SERTÃO BRABO I” – DEZ POEMAS ENGRAÇADOS
(Clerisvaldo B. Chagas. 17.3.2010)
Conheço senhor Morais
Véio sovina e mandril
Que já roubou mais de mil
Inda hoje rouba mais
Quer ser valente demais
Não dá esmola a ninguém
Fiado diz que não tem
Rouba no metro e no peso
Véve de pescoço teso
No seu bonito armazém
Ali se vende café
Arroz milho e bacalhau
Massa de fazer mingau
Feijão chupeta e rapé
Penico vela quicé
Cadeado solta-prende
Farinha grossa que rende
Assim me disse a vizinha
Que vende até camisinha
Paletó não sei se vende
Um dia logo bem cedo
Tava com fome no parque
Comprei um taco de charque
Pois fome não é brinquedo
Para misturar com bredo
Comprei cocos da Ribeira
Pedi minha conta inteira
Das carças puxei os cobre
Porque no bolso do pobre
Só tem fumo e peniqueira
Nem galinha nem perua
Nem a catuaba morna
Nem ovo nem a codorna
Podia comprar na rua
Sem dinheiro a vida é crua
Lá no barraco um degredo
Que eu só chegava com bredo
E a nega me ameaçava
Se amigar com Piaçava
Negão que fazia medo
E assim lá no barraco
A pantera arreclamava
Que eu não prestava pra nada
Queria um homem macaco
Mas eu danado de fraco
Ia perdendo o conceito
Eu disse é negócio feito
Dos terreiros de alguém
Vou nestante ao armazém
Hoje mesmo dou um jeito
Já era no fim do mês
Lavei o charque e os coco
Cismei de contar o troco
Na minha conta era três
Mas veio quarenta e seis
Daquele véio avarento
Vortei no mesmo momento
Porque sou um home honesto
Fui adervorver o resto
Ao dono do movimento
No armazém com coidado
Fazendo pose demais
Eu lhe disse seu Morais
Nosso troco está errado
O homem brabo danado
Me falou gritando rouco
Aqui não se erra troco
Nem com reza nem com bico
Inda caiu dois penico
No quengo do veio broco
Pra não brigar com o valente
Que vende vassoura e rodo
Guardei o dinheiro todo
Fiquei longe da serpente
Será que sou inocente
Será que pequei demais
Pra nega não xingar mais
Na farmácia de seu Agra
Comprei tudim de Viagra
Banana pra seu Morais
FIM
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