CARNAGREVE

Clerisvaldo B. Chagas

CARNAGREVE
(Clerisvaldo B. Chagas, 12 de janeiro de 2011)

Em 1817, explodia a Revolução Pernambucana, tendo como ideal a proclamação da República e a elaboração de uma Constituição liberal. Entre os motivos, estava o luxo da corte pago com os impostos dos trabalhadores. Muito sangue derramado em Pernambuco. Cem anos depois, aconteceu a greve de São Paulo que passou a ser conhecida como a “Greve de 1917”. Essa foi a primeira grande greve geral da história do Brasil. Com a morte de um operário, por parte da polícia, a paralisação grevista envolveu não apenas a cidade de São Paulo, mas também outras regiões do país. O cálculo é para mais de 50 mil operários participantes da greve. Foram muitos conflitos nas ruas entre polícia e trabalhadores. A violência das autoridades fez surgir, por parte dos operários, passeatas, comícios, piquetes e barricadas. O firme movimento operário deixou o governo e os industriais assustados e que resolveram negociar. Foi assumido compromisso de não haver punições aos grevistas, caso todos voltassem normalmente ao trabalho. As concessões obtidas pela classe trabalhadora, no entanto, eram provisórias. Não havia interesse em melhorar a condição social dos trabalhadores. O último presidente mesmo, da República Velha, Washington Luís, chegou a dizer que a questão social era caso de polícia. Para os poderosos, a revolta social dos trabalhadores devia ser tratada e contida na base da violência policial.
Nos últimos tempos, conhecemos muito bem quando a paciência do povo atingiu o seu limite. A queda do governador Suruagy foi um exemplo claro e que muitos políticos parecem ter esquecido a revolução de Maceió. Como a greve de 1917, não se pode apagar a violência policial contra grevistas nas ruas da capital sob o comando de tal “coroné” Rochinha, o pau-mandado do, então, governador, Geraldo Bulhões. Agora, com quatro anos sem reajuste salarial, a classe trabalhadora do estado alagoano, promete uma grande mobilização contra a imoralidade salarial dos nossos representantes e a seca prolongada de reajustes para os barnabés. Ninguém sabe ainda o que irá acontecer durante o movimento integrado dos trabalhadores, inclusive, policiais. Nada pode ser descartado. Uma revolta popular, quando tudo parece sob controle, pode surgir de uma simples ponta de cigarro nos entulhos. Não é à toa que lembramos a Revolução Pernambucana e a greve de 1917. Entre as cacetadas do desarvorado Rochinha e o seu amo Geraldo Bulhões e o cerco ao palácio com Suruagy, poderá surgir a Revolta de Alagoas. Toda insurreição inicia com a última gota d’água. O Carnaval será em março, mas fevereiro promete um CARNAGREVE.

Comentários