TEMPO QUARESMAL

Antonio Machado

TEMPO QUARESMAL
Antonio Machado
Sempre foco meus artigos nesses espaços do jornal de Arapiraca cedidos pela gentileza do jornalista Roberto Baia, em comentários sobre um bom livro, que via de regra me chega às mãos, ou os compro nas famosas noites de autógrafos, tipo de solenidade que gosto. Porém, neste artigo estou fugindo à regra escrevendo sobre a quaresma, tempo vivenciado pela igreja católica, que foi rebuscar nos interstícios na Bíblia os fatos, para criar a quaresma e a semana santa, conseqüentemente ambas centradas nesse livro sagrado, mormente nos escritos dos evangelistas, que narram com precisão e detalhes, todo o trajeto da prisão de Jesus até sua crucificação culminando com sua ascensão ao céu, que em toda essa odisséia contraditória, não perdeu sua essência, continuando incólume na sucessão dos séculos.
As origens da quaresma remontam dos tempos antigos do cristianismo, sofrendo talvez algumas alterações de ajustes, tornando-a mais dinâmica para melhor aclaramento da fé do povo, sem perder sua originalidade, levando em conta os quarenta dias que Jesus passou no deserto, os quarenta anos do povo caminhando na busca da terra prometida, ou outros quarenta que eventualmente, aparecem na Bíblia, a quarentena como é chamada atualmente visto esse número ser simbólico como muitos outros são figurados na Bíblia, porém deixaram sempre muitas lições de fé e sabedoria.
A quaresma e a semana santa foram estruturadas pelo Papa Gregório I, o grande, em 609, criando também o calendário atual, denominado de Calendário Gregoriano, dirimindo assim as dúvidas que poderiam advir entre os povos. Depois das desregras dos festejos momescas, o homem é chamado a se penitenciar no denominado tempo pascal, revendo seus atos ignominiosos e se arrepender, pois a igreja católica em consonância com o papa, abre a quaresma com a quarta-feira de cinza, fazendo ver aos cristãos que a cinza imposta na cabeça está a lhe dizer que: “tu és pó e em pó te converterás”, cuja sentença não excede a ninguém, todos passam pelo crive da morte, entretanto, no final a morte também será tragada, e um dia, quando chegar a plenitude dos tempos, todos serão arrebatados ao céu, cumprindo as palavras de Jesus, onde eu estiver, quero que vós também estejais comigo, palavras confortadoras carregadas de muita certeza e confiança passadas pelo Salvador.
Minha avó paterna, Teodolina, dizia a mim: ”meu neto, na terra vale quem tem, e no céu, vai quem Deus quer” são as verdades que a vida escreve nas experiências da existência humana. Ora, se a cinza abre a quaresma, chamando os cristãos à conversão, com leituras bíblicas que remetem a paixão de Jesus Cristo, após esses quarenta dias, o domingo de ramos vai abrir a semana santa, quando se comemora a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém, e daí para o suplicio do calvário, e posteriormente sua morte e ressurreição e ainda passou mais de um mês no meio do povo. Em meio a tudo isto está a figura de sua mãe, Maria Santíssima, levando a compreender a profecia de são Semeão, que ao tomar o menino Jesus nos braços, exclamou: este menino será sinal de contradição, e uma espada lhe traspassará a alma, referindo-se a Maria que guardava todas essas coisas no coração.
E assim, prezado leitor, mostrei uma fagulha da história dolorosa e sobretudo gloriosa de Jesus Cristo e Maria, porque não existe Jesus sem Maria.

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