“Ó que estrada tão longe/ cheia de pedra e areia/ valei-me meu padrinho Cícero/ e a mãe de Deus das candeias”. Esta estrofe, ouvia-se sertão a dentro em todos lugares, no último sábado, dia 20 de julho dedicado a memória do Pe. Cicero Romão Batista, nascido 05 de novembro de 1898, no Crato, Estado do Ceará, porém esse virtuoso sacerdote escreveu sua história no Juazeiro do Norte, onde chegou jovem padre, vindo a falecer aos 20 de julho de 1934, há setenta e nove anos. A piedade de José Antônio de Lima (1909-1978) casado com D. Maria Ferro Vasconcelos, ainda viva, construíram uma pequena capela em cima de uma pedra, com aproximadamente com 25m de altura como 30 degraus para se chegar a capelinha onde está a imagem do Padre Cicero, que é venerada pelo fiéis entre preces e velas acessas, numa demonstração de fé e piedade do povo sertanejo, às margens da rodovia 316, que liga Santana do Ipanema a Palmeiras dos Índios. Esse cidadão era devoto de Padre Cicero, ia todos os anos ao Juazeiro, e começou a fazer suas devoções na capelinha da pedra, que se chamava no passado, “pedra do urubu”, perdendo esse nome para pedra da igreja, cuja capela fora construída em 1957. No último sábado, um número incalculável de romeiros devotos do velho taumaturgo, foi chegando cantando seus benditos chorosos e cheios de piedade e fé, num gesto bonito num dia de temperatura amena e com ameaça de chuva. Contou dona Maria Ferro, hoje proprietária daquela localidade, que a festa começa sempre três dias antes, o povo vai chegando armando suas barracas ao redor da pedra, agora, a família de dona Maria, ajuda administrar tudo, ilumina toda área, destina local para os veículos, deixando o centro para o povo, a capela em honra do Pe. Cicero pertence a Paróquia de Dois Riachos, onde o padre Petrucio Juvenal, que ao lado de outro colega concelebraram a missa que iniciou às quatorze horas. O número de fiéis foi incalculável, contou a proprietária ao jornalista que, todo ano vem aumentando ainda mais o número de gente de todo sertão de Alagoas, e grande parte de Pernambuco lá estava mormente àqueles que admiram e venera o santo do Juazeiro, cantando numa demonstração de fé e piedade, pagando promessa, fazendo outras e pedindo bênçãos para toda família. Nessa festa o comércio é grande, variado e informal, onde tudo se comercializa desde imagens de santos, com predominância, a do padre Cícero, até um “shop” da sulanca, redes, arreios para cavalos, comidas das mais variadas espécies, cachaça da boa e a famosa toada que se misturava com os sons das ladainhas dos romeiros num misticismo de profano e religiosos, porém a solidariedade era de todos. Um grupo de cavaleiros, cerca de 40 membros vieram do Povoado Bezerra, município de Major Izidoro, todos com roupas típicas sendo homens e mulheres, até universitários fazem parte dessa marcha bela e santa, contou o líder do grupo ao cronista. Fica uma pergunta no ar. Quem depois de morto já há 79 anos, atrai tanta gente? Isto é ou não um fenômeno? Que carece ser estudado pela igreja católica que no passado perseguiu insistentemente, esse santo homem, hoje está arrependida, como a lhe pedir perdão, e já está acenando com a canonização do padre Cícero, haja vista seu processo de canonização já se encontrar em Roma, nas mãos do santo Padre, agora Francisco I, como romeiro também, tive a alegria de ter assinado nesse processo que pedia sua canonização, quando de uma das minhas romarias ao Juazeiro, se a igreja demora na canonização do Pe. Cícero, o povo nordestino, mormente o sertanejo, já o tem como santo aquele sacerdote que dizia: “um dia a minha própria igreja fará minha defesa”, e aí está a prova inconteste dessas verdades, d. Lica (1926-2011), minha mãe, dizia: “as palavras de Deus não caem no chão”.
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