PEDRA DA VIOLA

Antonio Machado

PEDRA DA VIOLA

Antonio Machado



Escrever é uma arte, um dom, em alguns esse hábito se revela muito cedo, noutros só na maturidade. No meu caso, revelou-se muito cedo, porém eu era analfabeto, na adolescência cheguei a escrever um livro mesclado de prosa e verso, eram lampejos de uma alma inquieta própria da idade, pois achava que estava tudo correto, quando na realidade, estava tudo errado, entretanto, só cheguei a descobrir esses erros, quando a escola me ensinou, fazendo jús o sábio aforismo do Marquês de Maricá, que escreveu: “na infância nós aprendemos, e na maturidade compreendemos”. Não conhecia as concordâncias verbais, a pontuação devida, as figuras de sintaxe além de tantas outras regras e métodos que fazem parte de uma boa página literária. Pensando em tudo isto, rasguei, tristemente, minha obra pioneira na literatura, uma investida malgrada.
Anos mais tarde, já com certo conhecimento embasado, incursionei no jornalismo, fui repórter, correspondente, jornalista possuo até hoje a carteira de jornalista.
Na buraqueira da minha vida sinuosa, entre muitos cardos e poucas flores, como escreveu sabiamente, o vate alagoano, Jorge de Lima: “na vida encontramos de palmo em palmo um espinho, e de légua em légua uma rosa”, neste contexto e ainda, entre a roça e a escola cheguei até aqui. Escrevi muito, porém rasguei mais e publiquei bem menos. Agora conclui um romance com talvez mais de cem páginas, é meio “assafadado” (o neologismo é do autor) estando praticamente, pronto para entrar no prelo, cuja obra se chama Pedra da Viola.
O grande escritor alagoano, Povina Cavalcante, na sua erudição escreveu: “nunca deixemos morrer a criança que vive em nós”. Assim estamos sempre atrelados aos contratempos do passado pelos liames da infância. Lembrei-me até do artista santanense Waldo Santana, cantando Remi Bastos, poeta saudosista, Saudade de Santana, no trecho que ele canta: “saudade, não vá embora, é cedo, sozinho tenho medo, de ficar a recordar...”. É o passado no presente, trouxe do passado as histórias reais, outras lendárias e até jocosas, e a pedra da viola que é real onde montei meu romance engraçado e sugestivo, constituída de um caldeirão que possui no seu bojo, o formato de uma viola esculpido pela natureza, a cidade de Pedra da Viola, onde de tudo acontece montei ficção com realidade apimentada para dar mais vida a hilariante história de Pedra da Viola.

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