MAIO TERMINOU, E O INVERNO NÃO VEIO.

Antonio Machado


As estações do ano não foi obra dos homens, mas bíblicos, assim conhecidos como, verão, outono, inverno e primavera, coube, entretanto, ao homem, adequar-se a cada um desses períodos e depender de todos, haja vista a influencia que exercem sobre eles, por estarem direcionadas a terra, e, consequentemente aos seres, mas foi o homem a quem coube a tarefa de dividir e cronometrar o tempo na escala do universo para facilitar sua vivência e convivência na terra dos mortais, quando os animais bravos e dóceis, ensinaram muito aos humanos servindo-lhes em todos os aspectos, tal qual o surdo mudo que transmitia seus conhecimentos por ações e gestos. Vi uma palestra para surdos mudos, cujo conferencista também era portador da mesma deficiência, porém era entendido por toda a plateia, onde a primeira tônica era o silêncio. É um homem rude que a principio, domina tudo por meio da inteligência e a comunicação, cria os anos e divide os meses situando-se na calenda do tempo. E eis que em toda essa prolixidade surge o mês de maio, como 5° mês do ano civil, composto de 31 dias.
Para o sertanejo o mês de maio constitui-se de sublime importância, pois se reveste de um colorido exuberante com a chegada das primeiras chuvas de inverno. A sabedoria popular, atávica, a religiosidade do povo, denominaram o mês de maio, o mês das noivas, das mães, de Maria, das rosas e flores, das festas, enfim, das lendas que substanciam as historias populares desse mês mariano, levando o homem sertanejo aguardar com ansiedade, porque as chuvas caídas assinalam a chegada do inverno, mas este ano de 2018, as parcas e poucas chuvas na crosta seca da terra sertaneja, não fizeram face às expectativas dos agricultores.
Muitos municípios da área sertaneja, já estão em alerta, em vista das chuvas que eram aguardadas, contudo, todo mês foram pouca chuva, que não ofereceu sustentabilidade aos agricultores, os verdadeiros autóctones da terra. As grandes estiagens ou secas periódicas sempre assinalaram essa região deixando sertanejos em amargas situações. A região já comporta em sua história bem recente 05 anos de seca que iniciou em 2012 até 2016, tendo deixado um rastro de desolação e miséria, diz-se a “boca miúda” que a redenção da região será o decantado canal do sertão, que assim seja, que vem se arrastando entre trancos e barrancos rasgando os carrascais sertanejos de uma terra árida e inóspita, que espera há anos as águas correntes do tão cantado em prosa e verso do rio São Francisco, tornando o sertão um Oásis e que abrangera cerca de vários municípios beneficiando um número incalculável de sertanejos.
E se a abertura do inverno já falhou no mês de maio sem chuvas suficientes para o corte da terra, e consequentemente o plantio das sementes, está deixando o agricultor temeroso com o comportamento do tempo.
O sol quente e abrasador continuam calcinando tudo, nas tardes morenas, quando vem baixando o crepúsculo como nos cantares do poeta Guilherme de Almeida, a brisa sorrateira, ameniza o vapor que evola da terra sem perspectiva de chuva, deixando o sertanejo descrente do inverno do ano em curso, porque todas as experiências falharam, é possível que tenhamos mais um ano seco, as secas não morrem, nem desaparece, dão tréguas, constituindo-se em fenômenos cíclicos da natureza, cabendo ao homem criar e gerar meios e condições de convivência com a situação de cada época do ano, mormente, as secas que são frequentes no verão. Oxalá, pois, que maio escondeu a chuva nas mangas da casaca e foi embora, mas que junho traga as chuvas que ele não trouxe.

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