Bolsa seca
Antonio machado
Afirmam os geógrafos que este país possui dimensões continentais, haja vista seu tamanho acender a casa de mais de oito milhões e meio de quilômetros quadrados, o próprio rei de Portugal, quando do descobrimento deste gigante adormecido, em 1500, mandou dividir o Brasil em lotes, o que não deu certo, fracassando seu plano, quando da Independência em 1822, formaram-se os estados, e consequentemente, vieram às regiões para facilitar o desenvolvimento, e eis que surge dentro desse contexto, o estado de Alagoas, em 1817, encravado no Nordeste, o chamado polígono das famosas estiagens, ou secas periódicas que tangem os nordestinos de seu habitat, gerando os temíveis êxodos rurais.
Há mais de quarenta anos, o governo federal instituiu a SUDENE, que depois de muitas lutas morreu, como a EMATER, os presidentes e governadores tentam a todo custo ressuscitar esses órgãos que tanto ajudaram os sertanejos, porém tudo não tem passado do papel. Quando entram na história para fazer história os governos das bolsas, tem-se no Brasil bolsa escola, bolsa família, bolsa estiagem, vale gás, vale bode, o vale nada, o mais certo seria se criar a bolsa seca que viesse atender as necessidades dos nordestinos, mormente, os sertanejos que ora vivem o drama de uma seca impiedosa, porque talvez a bolsa seca significasse logo tudo ou nada. Aqui no sertão, deve-se criar imediatamente a bolsa cochonilha, inseto que ataca as palmas forrageiras, de bolsa em bolsa o governo vai enrolando o povo, haja vista essas míseras e magras bolsas, só servirem para viciar o cidadão e não trabalhar, ficando na espera de no fim do mês, receber essas bolsas para sobreviver, elas são uma espécies de compra de votos disfarçados, onde as famílias recebem esse dinheiro e se comprometem a votar nesse governo que aí está acreditando em conversa fiada que nada resolve, pois tudo isto são trapaças com que o governo tenta ludibriar as classes menos favorecidas, com escola de péssima qualidade, professores mal remunerados, gerando jovens mal formados, como a criar uma geração apática aos verdadeiros valores que dignificam o cidadão, não são bolsas dessa natureza que vão devolver a cidadania ao cidadão, e muito menos sua auto estima, mas gerar uma casta diferente, porque quem não prepara o futuro bem feito, não deixa passado e o porvir, torna-se uma incógnita. Este é o nordeste que temos, porém não é este o sertão que queremos, mas escolas de boa qualidade, que gere bons profissionais, um sertão produtivo, onde todos possam partilhar da vida e do progresso com igualdade, onde passa haurir a segurança e a certeza de um amanhã feliz, saindo da utopia para a realidade sedimentada no trabalho de cada cidadão, porém o que se ver são promessas enganosas dos fisiologistas, que aos poucos, com suas conversas falaciosas tentam ludibriar os sertanejos, que não querem esmolas nem fatias, mas participação no todo, como um direito que lhes pertence, para que sua família possa viver como cidadão numa democracia plena e segura.
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