Dor incapacitante é um dos indicativos cirúrgicos para a endometriose

Saúde

Por Flávia Farias - Jornalista - ASCOM - Santa Casa de Misericórdia de Maceió

Há três anos, equipe da Santa Casa de Maceió auxilia mulheres em Alagoas

Santa Casa de Maceió já realizou mais de 300 procedimentos de retirada de focos da doença

O tratamento cirúrgico da endometriose profunda é indicado quando, mesmo com uso de medicação, a paciente não apresenta melhora dos sintomas, persistindo com dores incapacitantes que dificultam suas atividades diárias, como dor intensa durante o ato sexual, localização das lesões que podem comprometer outros órgãos, como iminência de obstrução intestinal e urinária, e, em casos de infertilidade, nos quais não se pode usar anticoncepcionais.

Hoje, Alagoas possui o Centro de Endometriose de Maceió (CEMA), um grupo multidisciplinar e multiprofissional especializado no tratamento da endometriose profunda, composto por ginecologistas, cirurgiões colorretais, urologistas e radiologistas especializados, aptos a discutir os casos complexos, realizando uma abordagem conjunta, visando a melhora da qualidade de vida das pacientes. “O CEMA nos deixa muito orgulhosos, pois ao conversarmos com colegas de outros estados do Nordeste e grandes centros do Sul e Sudeste, vemos o quanto estamos no mesmo patamar na assistência da endometriose”, destacou cirurgião oncológico Claudemiro Neto.

De acordo com a literatura médica, a via minimamente invasiva (videolaparoscopia e a robótica) é a melhor porta de entrada na abordagem da endometriose intestinal, há maior riqueza de detalhes, menos dor no pós-operatório, diminuição do risco de aderência intestinal no futuro, alta precoce, menor taxa de sangramento, retorno às atividades cotidianas mais rápido, com menor impacto em sua produção.

A recuperação da cirurgia dependerá da extensão da doença e o limiar de dor de cada paciente. No entanto, na maioria dos casos, em aproximadamente 15 dias, as pacientes estão aptas para retornar às suas atividades diárias. “Quando a paciente chega em nosso consultório, o primeiro estigma a ser quebrado é o da temida “bolsinha” (colostomia). É importante esclarecer que isso não é a regra, alguns estudos relatam complicações maiores e menores, em um risco variando entre 5% a 38% dos casos, respectivamente”, destacou o ginecologista Felipe Albuquerque.

Para o sucesso do procedimento, há a necessidade das pacientes estarem saudáveis e bem nutridas. Na Santa Casa de Maceió é realizado um preparo nutricional pré-operatório para otimizar a cicatrização e o adequado funcionamento intestinal no pós-operatório.

SERVIÇO – Formada pelos cirurgiões Felipe Albuquerque, Claudemiro Neto, Camilo Câmara e Tiago Cajueiro, a equipe da Santa Casa de Maceió começou a realizar cirurgias de endometriose profunda no ano de 2018. Desde então, pouco mais de 300 casos foram executados, com o registro de somente cinco complicações, quatro dessas tratadas de forma clínica e um caso necessitou de intervenção minimamente invasiva de drenagem.

“Isso demonstra que nossos índices de complicações maiores e menores estão dentro do que é preconizado pela literatura médica e variam entre aproximadamente 0,3% a 1,3%, respectivamente, o que nos motiva e nos faz acreditar que estamos no caminho certo. Até o momento não tivemos nenhuma paciente que necessitou ser reoperada para realizar colostomia devido a fístulas. Todos os resultados positivos que obtivemos até hoje somente foram possíveis porque trabalhamos em grupo, dividindo responsabilidades sem vaidades, pois o nosso maior objetivo é melhorar a qualidade de vida das nossas pacientes que já chegam bem sofridas. É com grande satisfação que recebemos nossas pacientes nos retornos, e escutamos os relatos de que a menstruação ocorreu sem dores ou que conseguiu engravidar. Essa é, sem dúvida, a nossa maior vitória”, finalizou Claudemiro Neto.

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