Brasileiro bate Mahama Cho nos últimos segundos, fatura segunda medalha da história do país na modalidade
Prazer, Maicon Andrade! Os entusiastas do taekwondo o conhecem como uma das promessas do Brasil na modalidade. Neste sábado, na Arena Carioca 3, porém, o lutador expandiu as fronteiras e deu seu cartão de visitas ao grande público após conquistar a medalha de bronze com a vitória por 5 a 4 - dramática, diga-se - contra o britânico Mahama Cho. De pouco conhecido ao pódio nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro: aos 23 anos de idade, o atleta de Ribeirão das Neves (MG) escreve a página mais relevante de sua curta - e já vitoriosa - história."Vamos conseguir visibilidade para o meu esporte. Era tudo que eu queria. Sonho realizado em nome da minha pátria e da minha família. É um sonho! Não tem como descrever. Só quem é atleta sabe como é isso. Aqui dentro é só alegria. É uma brincadeira, é diversão. Duro é no CT, onde tomo porrada todo dia. Quero agradecer a todos da minha equipe. Moro em são Caetano do Sul, e as pessoas devem estar felizes agor".
Em função do feito, Maicon Andrade se junta a Natália Falavigna, detentora da única medalha olímpica da história do taekwondo brasileiro - um bronze, também - conquistado há oito anos, em Pequim, na categoria acima de 67kg.
A luta
A proximidade de uma medalha olímpica, aparentemente, deixou Maicon Andrade e Mahama Cho intimidados. Os atletas, combativos em seus confrontos anteriores, travaram um primeiro round morno, com pouca movimentação e troca discreta de golpes. Eles se estudavam, ameaçavam chutes laterais - sem contundência - e ainda se acostumavam com a ideia de que estavam na luta mais importante de suas carreiras.No segundo round, Cho arriscou um chute giratório para tentar acertar Maicon. O brasileiro desenhou um chute rodado, contudo, passou sem qualquer contato físico. Na sequência, o britânico "esquentou" e, ao esticar a perna, conectou ótimo chute alto: 3 a 0. O anfitrião ainda descontou e anotou seu primeiro ponto. Apesar da vantagem no placar, a luta ficou franca, enfim. Maicon apostou nas combinações de chutes, mas foi para o intervalo com dois pontos atrás no placar.
O terceiro round começou sob gritos de "eu acredito!" E Maicon seguiu à risca: foi para cima e fez a vantagem cair para um ponto. Logo depois, a virada relâmpago: 4 a 3. A alegria, porém durou pouco, com empate ligeiro do britânico. A menos de dez segundos do fim, quando o "golden point" surgia no horizonte, Maicon desempatou, anotou 5 a 4 e explodiu o "caldeirão". Houve tempo de pedir replay por um suposto chute na face desferido pelo brasileiro - pedido indeferido pela arbitragem. A dois segundos do fim, bastou a Maicon Andrade segurar o placar e correr para as arquibancadas e se jogar nos braços da mãe, dona Vitória, dos treinadores e dos amigos.
Com a bandeira do Brasil em punho, Maicon circulou a arena e recebeu aplausos e gritos de incentivo dos compatriotas. Próximo da área de combate, colocou a bandeira no chão, a beijou e agradeceu. O esforço do jovem, que trabalhou como garçom e pedreiro no início da carreira, enfim, foi recompensado.
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