A Rota do Mel no vale do São Francisco alagoano receberá apoio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), por meio da Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) do Ministério da Integração Nacional. A iniciativa contempla o eixo da inclusão produtiva do Plano Brasil Sem Miséria do Governo Federal e integra as ações do Programa de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais (APL).
No encontro realizado no auditório da Codevasf em Penedo (AL), na última semana, os apicultores alagoanos puderem conhecer as ações de inclusão produtiva de famílias de baixa renda do Plano Brasil Sem Miséria para o segmento de apicultura, que estão divididas em três eixos: familiar, comunitário e estruturação do APL de Apicultura. Para cada um dos eixos, a Codevasf elaborou diferentes tipos de Kit´s produtivos compostos por equipamentos e insumos, conforme o nível de produção e o perfil dos apicultores que serão beneficiados.
De acordo com a chefe da Unidade Regional de Desenvolvimento Territorial da Codevasf em Alagoas, a economista doméstica Solange Marcelino, o Kit Familiar, por exemplo, que deverá ser repassado a apicultores iniciantes, contém, entre outros, colmeias, cera de abelha, equipamentos de proteção individual e fumigador. Já os kits comunitários atenderão a grupos de apicultores reunidos em associações ou cooperativas e serão instalados em unidades físicas de uso coletivo, a exemplo das unidades de extração de mel ou entrepostos. Para esse kit, está prevista a entrega de equipamentos como centrífugas, mesas desoperculadoras, tanques decantadores, garfo desoperculador, entre outros.
Ela ainda acrescenta que os kits Estruturantes irão beneficiar as organizações de apicultores que estiverem com nível de produção e de organização que comporte a implantação e gestão de unidades de extração de mel, unidades beneficiadoras de pólen e de cera e entrepostos de mel com capacidade de produção entre 20 e 40 toneladas por mês cada uma. ?O Governo Federal, por meio do Plano Brasil Sem Miséria, pretende incluir essas famílias em atividades produtivas que estejam no perfil da região em que habitam. Por isso, a Codevasf está levando esses investimentos para estimular a rota do mel em Alagoas e fortalecer a cidadania dessas pessoas com a geração de trabalho e renda?, afirmou Solange Marcelino.
Para serem beneficiados pelas ações de inclusão produtiva do Plano Brasil Sem Miséria, os apicultores devem atender a alguns requisitos como estar em situação de extrema pobreza, definida por renda per capita de até R$ 70,00, ser pequeno agricultor, estar em região com aptidão para apicultura, disponibilizar uma área mínima para instalação de apiário com distância mínima de 200 metros de moradias, estradas, estábulos e currais.
A chefe da Unidade Regional de Desenvolvimento Territorial da Codevasf ainda informou aos apicultores que serão formados Comitês Gestores Municipais em cada um dos municípios do vale do São Francisco alagoano. ?Esses comitês auxiliarão na mobilização, cadastramento e seleção dos beneficiários cujo objetivo será a estruturação e desenvolvimento da atividade agropecuária nesses municípios?, explicou a economista doméstica da Codevasf.
Entre as demandas apontadas pelos apicultores presentes à reunião, está a necessidade de implantação de uma unidade de beneficiamento de pólen no Baixo São Francisco para atender a produtores da região. Eles ainda solicitaram a Codevasf que os kits comunitários de beneficiamento de cera fossem utilizados para adaptar as casas de mel para realizar as duas atividades numa única unidade. As sugestões serão analisadas pela Codevasf para avaliação da viabilidade técnica.
A reunião com os apicultores contou com a presença de produtores individuais, representantes de cooperativas e de associações e do Fórum Estadual de Apicultores e Meliponicultura de Alagoas e do chefe substituto da Unidade Regional de Desenvolvimento Territorial da Codevasf em Alagoas, o zootecnista Elias Kleiton.
APICULTORES COMEMORAM INVESTIMENTOS
Erilson Machado foi uma dos apicultores que participou da reunião e apontou as demandas para estruturação da atividade em sua região. Ele já trabalha com apicultura há 10 anos com um grupo de 15 agricultores no povoado Sítio Lagoa dos Porcos, em Estrela de Alagoas, no entanto, de forma individual, cada um com suas colmeias. Mas ele afirma que os investimentos da Codevasf serão uma oportunidade para que o grupo se organize e funde uma associação que já possui até o nome. ?Vamos nos organizar para fundar a Associação dos Produtores de Mel do Sítio Lagoa dos Porcos. Esse será o nome?, contou.
Ele ainda revelou que, quando começou na apicultura, mantinha as abelhas em pneus, pois não possuía colmeias. Somente depois de alguns anos, após ouvir uma entrevista numa rádio sobre criação de abelhas, ele passou a apostar seriamente no negócio e adquiriu sete colmeias. Hoje o grupo reunido produz em média 1,5 tonelada de mel. ?Nossa aposta é que esse apoio da Codevasf possa aumentar nossa produção, que ainda é muito pequena. Não temos condições de comprar nem as colmeias para aumentar a produção, imagine os equipamentos. Agora vamos poder produzir mais e aumentar a renda da família?, comemorou.
Segundo o coordenador do Fórum Estadual de Apicultura e Meliponicultura, Lourival Antônio Bento, que também participou da reunião, Alagoas produz hoje 164 toneladas de mel, considerada por ele muito baixa na comparação com outros estados do Nordeste. Ele ainda acrescentou que os apicultores alagoanos produzem também pólen e própolis, com destaque para a própolis vermelha, em todo mundo produzida apenas em Alagoas.
?Temos hoje uma pequena produção que é destinada principalmente ao consumo doméstico por meio da venda em supermercados. Há uma parte dos produtos da apicultura alagoana que vai para a merenda escolar e outra parte que é adquirida pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Temos 98% da produção consumida dentro de Alagoas. Então, nosso consumidor hoje é, na maioria, doméstico e interno. Esses investimentos que serão realizados pela Codevasf proporcionarão um grande salto na produção apícola no estado. Nós temos todas as condições, biomas dos mais diferentes, que possibilitam uma produção migratória, ocorrendo em um período no litoral, depois no sertão. O que nos falta é condições para produção e estamos vendo que a Codevasf pode nos proporcionar esse suporte para que possamos até triplicar essa produção em cinco ou seis anos e conquistar novos mercados?, declarou Lourival Antônio Bento.
Para o superintendente regional da Codevasf em Alagoas, Luiz Alberto Moreira, os investimentos mostram o compromisso do Governo Federal, por meio da Codevasf, em promover o desenvolvimento regional dos municípios do vale do São Francisco alagoano. ?O Plano Brasil Sem Miséria pretende levar o desenvolvimento social e econômico para todas as regiões do país, com serviços públicos, renda e inclusão produtiva para esses brasileiros. Em Alagoas, a Codevasf está preparada e todo seu corpo técnico já está em ação?, afirmou.
Segundo o diretor da Área de Revitalização das Bacias Hidrográficas, Luiz Augusto Nunes, as ações de inclusão produtiva executadas em consonância com as Rotas da Integração Nacional são estratégias diferenciadas de apoio para o meio rural, visando a estruturação da cadeia, incentivo ao associativismo, além de ser uma ótima oportunidade para inserção de novos agricultores familiares na atividade, promovendo o aumento da produção no campo e a geração de renda.
Criado em 2011, o Plano Brasil Sem Miséria do Governo Federal pretende retirar 16,2 milhões de pessoas da situação de pobreza extrema. Ao lado da garantia de renda e do acesso a serviços públicos, a inclusão produtiva representa um dos três eixos que compõem o Plano. Esse eixo tem como objetivo propiciar o acesso da população em extrema pobreza a oportunidades de ocupação e renda e apresentar estratégias diferenciadas para o meio urbano e o rural com o estímulo ao aumento da produção no campo e a geração de ocupação e de renda na cidade.
Mais informações: www.codevasf.gov.br
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