ANTOLOGIA DE ESCRITORES, UMA IDEIA FLORESCENTE

Crônicas

Luiz Antônio de Farias, capiá

Tenho em mãos um exemplar da 4ª edição da Antologia de Escritores Santanenses e Convidados. Desnecessário dizer que já se percebe, a cada ano, a evolução desta feliz iniciativa.

Inicialmente já nos deparamos com a eloquente narrativa, inserida na “orelha”, descrita pela escritora Nívea Alves. Foi ela muito feliz ao dizer que “A Antologia de Escritores nos dá de presente o privilégio de ser, escrever, publicar, ler e degustar de um dos mais belos momentos de nossas vidas.” E acrescentou, ainda: “São poetas, cordelistas, contistas e cronistas que desnudam suas almas, trazendo um novo significado sobre viver, respirar, transpirar e transmitir as mais belas e intensas palavras.”

Idêntica persuasividade observa-se na apresentação formalizada pela idealizadora da antologia, a professora e escritora Lícia Cibelle Maciel Carvalho, quando relata que a realização “provocou o surgimento de idênticos projetos literários em diversos municípios alagoanos.” Inclusive na presente edição – com maciça adesão – tem registro de trabalhos, de gêneros variados, vindos de quase todas as regiões deste nosso país de dimensão continental.

No prefácio, o escritor Domingos Pascoal de Melo sintetizou o real valor da iniciativa da “agitadora literária Lícia Maciel, mostrando seu perfil de desbravadora.” E continua: “este ato de produzir literatura própria beira a excelência e transforma as pessoas; e fomenta a ação de contribuir para que outro faça sua própria e individual construção literária e publicá-la chega a ser um ato divinal. A este estágio só chegam aqueles que se despem dos egoísmos e se revestem de boas vontades para semearem, no terreno do outro, a semente do bem, em forma de possibilidade de fazer.”

Deixando patente que a Antologia – que já se encontra na 4ª edição – está sendo uma vitoriosa ousadia, o prefaciador repetiu o laureado escritor português José Saramago que disse: “todos somos escritores, só que uns escrevem, outros não.” Isto significa que existem aqueles que escrevem e engavetam seus textos e não os publicam. Uns por medo de errar, ou por falta de estímulo ou de oportunidade.

Hoje, graças a essa notável Lícia – e, por uma questão de justiça, cito a parceria de Kélvia dos Santos Vital, na edição da primeira antologia – Santana do Ipanema, meu querido torrão natal, conta com este espaço para abrigar os noviços literatos, que terão a oportunidade de saírem de seus casulos.

Para abrilhantar a obra, o escritor José Fontes Malta Neto – Presidente da Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes – ao relatar o posfácio buscou citação de BOWMAN; WOOLF, onde foi dito que “Vivemos em uma sociedade profundamente afetada pela escrita.” E continuou: “O hábito de ler é tão marcante que sequer conseguimos olhar uma palavra sem prontamente decifrar o significado de que ela encerra. Na atualidade, sociedades ágrafas costumam ser observadas como sociedades primitivas e o etnocentrismo gerou a demarcação – letrado versus iletrado – para traçar uma fronteira entre aqueles que sabem e os que não sabem ler e escrever.” E para complementar seu raciocínio, Malta Neto acrescentou que nos tempos modernos uma gama de novos instrumentos colabora para a importância da leitura como, por exemplo, as redes sociais e demais mídias que obrigam-nos a estar constantemente em contato com a leitura. Finalizou seu comentário para enaltecer – como não poderia ser diferente – sua admiração pela fundamental importância de Lícia Maciel, no enfrentamento de mais esta árdua tarefa em prol da nossa cultura.

Neste momento de euforia vale a pena recordar a feliz “profecia” da escritora Maria do Socorro Ricardo – filha do Maestro José Ricardo Sobrinho – quando, há tempos atrás, qualificou Santana do Ipanema, como sendo “Terra de Escritores”.

Agradeço a todos pela atenção, se é que mereço.

Praia de Peroba – Maragogi-AL. – dezembro/2020

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