Era um dia de escola, um dia letivo como costumamos dizer. A escola exalava o barulho de uma rotina de aprendizagem. Numa turma, do ensino fundamental II, naquela fase que esperamos que todos os alunos saibam ler e escrever com clareza, havia um jovenzinho, aparentando mais idade que a faixa etária de sua turma.
Estava inquieto e barulhento, como dizemos no ambiente escolar: "indisciplinado!" O fato é que realmente estava fugindo ao controle da ordem. Nos corredores da escola, só se ouvia comentários de repúdio em relação ao referido jovem.
Num determinado momento, um professor, na tentativa de conter o reprovável comportamento, esboçou um ar de autoridade e exclamou com firmeza: "Vou mandar chamar seu pai para conversar com ele e falar do seu comportamento!!!" Nesse momento, o aluno se conteve em silêncio por um instante, voltou-se para o professor que achava que tinha dominado a situação, olhou bem nos olhos dele e respondeu: "Só se o senhor for falar com ele no céu!" Ele já morreu!
Naquele momento, foi possível entender o que o aluno passava em sua vida! O professor por sua vez, entendeu que escola não é tribunal para julgar alunos, mas deve ser um lugar de escuta e compreensão e que muitos alunos não aprendiam como se esperava, porque tinham a cabeça cheia de perdas e fragilidades emocionais que levavam para a escola.
Sendo ouvido, o aluno passou a ser mais amigo de todos e compreendeu que não estava sozinho em suas dores e em seus sentimentos e toda a escola entendeu que o "problema" dele era a falta de "ESCUTA!" de ser OUVIDO com o coração!
(*) Vitor Ferreira - é graduado em Licenciatrura plena em Filosofia, especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Atua nas escolas: Escola Municipal Vereador Ederlindo Rodrigues Tenório (Povoado São Marcos) e Escola Estadual Constança de Goes Monteiro, ambas em Major Izidoro - AL
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